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paulo briguet

Nossa Senhora do Hospital

O Hospital do Câncer de Londrina está comemorando 50 anos. É o jubileu de ouro de uma instituição amada por milhares de pessoas que neste meio século ali encontraram esperança, consolação e vida.

Quando o HCL foi fundado por Lucilla Ballalai, o câncer era uma sentença de morte. As pessoas evitavam até mesmo dizer o nome da doença, por considerar a palavra de mau agouro. Depois, encontrou-se um termo técnico: a sigla CA, utilizada em diagnósticos médicos. Era um nome pronunciado pela metade, em voz baixa.

Com o desenvolvimento da ciência médica e da tecnologia, o câncer pouco a pouco foi deixando de ser um sinônimo de condenação e morte para se tornar uma palavra que fortalece o amor ao próximo e o desperta para o sentimento de solidariedade.

o Hospital do Câncer tem alma de maternidade – uma curiosa maternidade onde as pessoas não nascem, mas renascem

Costumo dizer que o Hospital do Câncer é a janela de Londrina, de onde se tem um panorama vivo da cidade. As pessoas não estão ali porque desejam – assim como Maria e José não queriam estar em Belém –, mas naquele lugar encontram uma casa, um lar, o acolhimento da manjedoura.

No Hospital do Câncer de Londrina, o crescimento desordenado das células é vencido pelo crescimento ordenado da atenção, da racionalidade, do amor. Os avanços técnicos e estruturais das últimas décadas nada seriam se ali não houvesse uma equipe profissional que ama o que faz, e por isso o faz com grande eficiência. Hoje, o HCL conta com equipe de 180 médicos e se tornou um centro de referência em oncologia.

Grande parte do mérito deve-se ao casal Nelson e Dilza Dequech, que nos últimos dez anos promoveram um verdadeiro renascimento do HCL. Sim, hospitais também ficam doentes – e também são curados por gente do bem. Outro exemplo é a querida Mara Fernandes, um anjo em forma de pessoa que ajuda o hospital de todas as formas e em todos os momentos.

Perdi minha mãe e meu pai para o câncer. Não fosse o hospital de Londrina, eles teriam partido muito antes. Minha mãe foi operada ali em 1995 e ganhou 16 anos de vida. Todos os moradores da minha cidade têm histórias semelhantes para contar. Isso porque o Hospital do Câncer tem alma de maternidade – uma curiosa maternidade onde as pessoas não nascem, mas renascem.

Por falar em nascimento, eu tenho certeza de que na equipe do Hospital do Câncer há um médico e uma enfermeira especiais: Jesus Cristo e Maria. Talvez o marceneiro José também ande por lá, silencioso como sempre, disfarçado na pele de algum funcionário, fazendo serviços e reparos na estrutura do prédio. Enquanto isso, Nossa Senhora do Hospital vela por todos os pacientes e familiares que ali se encontram.

É surpreendente. Ao escrever estas palavras, parece que estou falando de minha própria casa. No coração, o meu endereço continua sendo Rua Lucilla Ballalai, 212, quarto 511. Vida longa ao nosso lar!

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