Conheço-os muito bem, porque já fui um deles. O diretor sindical que virou hippie depois de velho. A advogada que não perde uma chance de atacar a liberdade de imprensa. O arquiteto de cabelos compridos e barba por fazer, inimigo número 1 da economia de mercado. O jornalista que escreveu uma tese de mestrado culpando a Globo por todos os males do país. A professora cuja principal atividade é apagar comentários contra o partido na internet. A filha do sociólogo e da cientista política, que conseguiu uma bolsa da Capes. A moça ambientalista de cabelos coloridos. O companheiro que perdeu a boquinha. O eterno estudante. A feminista eternamente solitária.

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Eles são os petistas da vida real. Não aqueles que estão presos. Não aqueles que estão ricos. Não aqueles que roubaram bilhões. São os petistas menores, que ainda circulam por aí – meio sem saber direito o que fazer da vida, é bem verdade, mas circulam. Não correm o risco de ser presos, porque não fizeram nada de errado além de apoiar uma organização criminosa como se fosse um partido defensor da justiça social.

Sinto uma brutal compaixão quando penso em alguns amigos petistas hoje em dia

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Os petistas da vida real pararam no tempo. São hoje exatamente os mesmos que eram 20 anos atrás, só que estão mais velhos. Como eu já disse, conheço-os muito bem. Tomava cerveja com eles. Juntos frequentávamos reuniões, assembleias, rodas de violão. Eu usava o banheiro de porta aberta na presença deles. Chamava-os por apelidos. Recebia-os de pijama.

Sou um temperamento melancólico; sinto uma brutal compaixão quando penso em alguns amigos petistas hoje em dia. A triste verdade é que ainda gosto deles. Sim, eles perderam toda e qualquer moral para fazer discurso contra a corrupção; muito menos têm condições de decidir os que podem e os que não podem falar sobre o assunto. Mas eles insistem. Criam grupos na internet, tentam dizer que a culpa pela situação do país é do Beto Richa, do Cunha, do FHC...

Outro dia ouvi as declarações do Hélio Bicudo, o petista que virou inimigo do PT. E li o artigo de Tito Costa, o prefeito que ajudou Lula na época das greves do ABC. Ambos curiosamente têm a mesma idade: 93 anos. Ficaram velhos e parecem não acreditar que o PT era o que realmente era: desde o início, uma farsa criminosa.

Os petistas da vida real – espiritualmente tão cansados quanto Bicudo e Tito Costa – podem ser definidos pelo tristíssimo verso de Manuel Bandeira: “A vida inteira que poderia ter sido e que não foi”. Eles vivem dizendo que eu me vendi para a direita. Enganam-se. Estou vendido para a verdade – e fui comprado por um preço muito alto: o sangue de Cristo.

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