Hoje em dia a renúncia é vista como sinal de fraqueza. Pois eu penso exatamente o contrário: quando há sinceridade, renunciar a alguma coisa representa um gesto de coragem. Uma das atitudes mais bonitas da era contemporânea foi a renúncia do papa Bento XVI ao trono de São Pedro. Justamente ele, um dos pensadores mais influentes de nosso tempo, homem que jamais se negou a lutar por seus ideais e princípios, admitiu que não tinha mais condições de exercer o poder que lhe fora conferido. A renúncia de Bento XVI é uma obra-prima de humildade e grandeza. Quem não reconhecer isso jamais compreenderá a força do cristianismo.

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Nada pode ser mais forte do que um homem que renuncia a si mesmo para fazer o bem ao próximo

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Existem, é bem verdade, aqueles que só renunciam ao poder para escapar de punições. Ou então aqueles que fingem renunciar para adquirir ainda mais poder. Recentemente o mundo assistiu à renúncia de Joseph Blatter ao cargo de presidente da Fifa. Ainda não tenho elementos suficientes para dizer se a sua renúncia é legítima ou apenas uma rota de fuga.

O fato é que temos no Brasil diversos políticos que fariam um imenso favor ao povo se adotassem o caminho da renúncia. Dilma e Beto Richa poderiam seguir o exemplo de Blatter e optar por uma renúncia padrão Fifa; tal ato seria um ponto positivo na biografia de ambos. O mesmo eu diria sobre aqueles que transformaram seus empregos públicos em plataformas de guerra político-ideológica. Há funcionários públicos que somente estão interessados em manter seus privilégios e não pensam nem um só minuto no bem-estar da população pobre que depende de seus serviços. Não renunciam, porque são incapazes do gesto.

Não tenho a mínima competência para administrar coisa nenhuma, nem mesmo a minha casa, nem a minha conta bancária. Por isso, jamais me considerei habilitado ao exercício do poder. Tampouco acredito que possa haver grandes mudanças neste mundo, a não ser evitar o pior. Trabalho e rezo para evitar o mal, apenas. Em vez de deixar um mundo melhor para o meu filho, quero deixar um filho melhor do que eu para o mundo. Ademais, sigo o conselho de Jesus: “Orai e vigiai”.

O mundo está precisando de pessoas capazes de renunciar. Pessoas que, diante da confusão reinante, não ofereçam uma alternativa de poder, mas simplesmente uma alma ordenada e um coração puro. Nada pode ser mais forte do que um homem que renuncia a si mesmo para fazer o bem ao próximo. Enquanto os homens lutam por seus nacos de poder, um velho padre que renunciou ao trono reza por todos nós. Renunciemos, antes que seja tarde.