A maior tragédia de nosso tempo não é amar sem ser amado; é odiar sem ser odiado. Por isso o cristianismo é tão combatido e causa tanto escândalo. O revolucionário russo Nikolai Bukharin deixou bem claro: "O amor cristão, que se aplica a todos, mesmo aos inimigos, é o pior adversário do comunismo". Bukharin acabaria por sofrer as terríveis consequências do ódio incondicional que pregava: o camarada Josef Stalin, que ele chamava carinhosamente de Koba, ordenou sua morte em 1938.

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Lendo as memórias do arcebispo vietnamita François Van Thuan, preso por 13 anos nos cárceres comunistas, sendo nove anos em total isolamento, vejo que ele surpreendia seus carcereiros por tratá-los com gentileza e jamais sentir ódio. Na prisão, Van Thuan celebrava a eucaristia com vinho contrabandeado e pedacinhos de pão escondidos em maços de cigarro. Fazia suas missas clandestinas no escuro, com três gotas de vinho e uma gota de água. Quando saiu da prisão, não quis perseguir seus algozes. Assumiu o Pontifício Conselho de Justiça e Paz da Santa Sé, a convite do papa João Paulo II, agora santo.

O cristianismo sobrevive há 2 mil anos porque se torna mais forte durante as crises e perseguições. Em vista disso, a estratégia dos inimigos do cristianismo, no último século, tem sido a de infiltrar-se na Igreja e tentar corroê-la por dentro. É o caso das teologias marxistas e da "igreja estatal" do governo chinês.

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Em alguns períodos de seu isolamento, Van Thuan sentia-se incapaz até mesmo de rezar. Nestas horas, recorria a uma versão sintética do Pai Nosso, murmurando ao Criador: "Teu nome... Teu reino... Tua vontade..." Em seguida, fazia as súplicas pela humanidade: "Nosso pão... Nossas ofensas... Nossa tentação..." E assim, de palavra em palavra, de gota em gota, o arcebispo vietnamita venceu os demônios do cárcere.

Na atual onda de protestos, encontramos as reivindicações mais absurdas – cujo DNA está na ideologia que encarcerou Van Thuan. Há numerosos militantes que desejam calar a religião, liberar o aborto, estatizar a família, criminalizar o capital, fomentar a luta de classes, acabar com os "inimigos do povo".

Enquanto a rebelião das massas toma rumos violentos – já são dez mortos na greve dos caminhoneiros – e dona Dilma viaja na maionese, grupos militantes lutam para transformar o "despertar do gigante" em um pesadelo caótico. Não por acaso, os próximos alvos do Big Brother revolucionário serão o papa Francisco e a Jornada Mundial da Juventude. Se os militantes terão sucesso, não sei; de qualquer modo, vão tentar. Perdoai-os, Cristo, mas eles sabem o que fazem.