A parábola do samaritano é uma daquelas histórias simultaneamente belas e terríveis que encontramos ao longo de toda a Bíblia. Vocês já devem conhecê-la. Um homem caminha pela estrada de Jerusalém a Jericó quando é atacado por assaltantes que lhe roubam e espancam, deixando-o "meio morto". Passava por ali um sacerdote, que viu o homem ferido, mas seguiu em frente. Depois, um religioso levita também ignorou a vítima do assalto. Por fim, a ajuda veio de quem menos se esperava: um samaritano.

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Como se sabe, os samaritanos eram considerados estrangeiros e infiéis na Judeia; porém, foi de um deles que veio a salvação do homem atacado pelos salteadores. O samaritano cuidou das feridas do homem com óleo e vinho e, tendo compromissos na cidade, não partiu sem antes deixá-lo numa hospedaria com todas as despesas pagas.

As parábolas contadas por Jesus – esta se lê unicamente no Evangelho de São Lucas, o médico – têm o dom de funcionar nas mais diversas situações. O papa Bento XVI, um dos maiores intelectuais vivos, interpreta a figura do homem ferido na estrada como a imagem do mundo moderno. Muitos de nós podem identificar-se pessoalmente com a vítima do assalto; mas eu vejo naquele homem, deixado "meio morto" por assaltantes, a perfeita metáfora do Brasil atual.

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O samaritano da parábola muito provavelmente era um comerciante. Ele tinha compromissos na cidade e estava com dinheiro para custear as despesas de uma hospedaria. No entanto, agiu de maneira mais espiritual do que os religiosos que passaram ao largo da vítima. Notem: o sacerdote e o levita não necessariamente eram homens ruins. É muito provável que não tenham ajudado o homem ferido por medo de também ser assaltados. Quantas vezes não agimos da mesma forma em nosso dia a dia?

Pois eu estou convicto de que o Brasil será salvo por aqueles de quem menos se espera. Mas não esperem um "salvador da Pátria"; o nosso samaritano corresponderá a um conjunto de homens e mulheres dispostos a não abrir mão de seus princípios e valores morais.

O governo brasileiro está em guerra – uma guerra contra quem trabalha. Os inimigos do PT são todos aqueles que produzem sem o favor estatal: assalariados, empresários, profissionais liberais, funcionários de carreira, intelectuais, estudantes, artistas e comunicadores. São os samaritanos do Brasil.

É irônico que o autodenominado Partido dos Trabalhadores trave o seu maior conflito justamente contra aqueles que vivem do trabalho honesto. Neste conflito desigual, nossa maior arma será a menos esperada. Chama-se compaixão.

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