O sucesso é perigoso. Um dos grandes inimigos do sucesso de hoje é o sucesso de ontem. Os ricos e os vencedores correm o risco de desenvolver uma autoconfiança exagerada e de se tornarem arrogantes, crentes em sua infalibilidade.

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Por sua vez, a arrogância pode ser o caminho do fracasso, porque reduz nossa capacidade de ouvir e nos impede de ver que estamos fazendo as coisas de forma errada. A história é farta em registrar organizações de sucesso que faliram e desapareceram por culpa de líderes soberbos, cujo sucesso de ontem foi a semente de seu próprio fim.

Assim, o primeiro erro do empreendedor é ficar arrogante e começar a se achar infalível. Sejamos empreendedores ou não, de vez em quando é bom olhar no espelho e perguntar: será que não estou cometendo erros?

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O segundo erro do empreendedor é não entender que sua criação, a empresa, tem leis econômicas próprias, que precisam ser conhecidas e respeitadas – além, é claro, das leis jurídicas. Não entender isso é um erro. A novela é conhecida: o empreendedor cria um negócio; a organização cresce; o sucesso acontece; pensando que pode tudo, ele começa a se servir da criatura e a fazer dela o que bem entende. Um dia, a falência bate à porta.

Muitos empreendedores têm o complexo do rei Midas: pensam que suas mãos são mágicas, capazes de transformar em ouro tudo o que tocam. O líder servidor é diferente. Ele tem humildade, respeita a criatura, sabe ouvir e faz o que tem de ser feito. Isso é como criar um cão pit bull. Se você respeitar a natureza do animal, ele o defenderá. Porém, se não respeitar, ele mata os agressores externos e, em seguida, mata você também.

A empresa pode ter sucesso por um tempo, mas se você desrespeitar as leis científicas e jurídicas que a regem ela irá à falência e arrastará você junto. O empreendedor é apenas o gestor de uma massa de dinheiro que os clientes lhe entregam para pagar os custos de produção. Em mercados competitivos, o empresário não decide nem os preços nem os custos; eles são dados pelo mercado e, no mais das vezes, a margem de manobra do gestor é pequena. Ele deve ser eficiente na gestão das variáveis que o mercado lhe impõe. Disso resulta o lucro. O empreendedor petulante, que enche a organização de familiares, distribui salários e benesses sem critério, limpa o caixa para gastos pessoais, descuida dos custos, relaxa na qualidade e não zela por seus clientes é um candidato a engrossar a fila dos falidos. O problema do sucesso é que ele provoca deslumbramento. Segundo os dicionários, deslumbramento é a turvação ou ofuscamento da vista por excesso de luz ou brilho; perturbação do entendimento.

Pergunte a um empreendedor falido sobre as causas de seu fracasso e dificilmente ouvirá dele a frase "eu errei, fui incompetente". A culpa é sempre do governo, dos impostos, da globalização, da China etc. Isso é a natureza humana em ação. Temos dificuldade em reconhecer nossos erros e confessar nossa própria estupidez.

Mas a arrogância – aquela característica que nos leva a crer na superioridade de nossos talentos e nos faz assumir atitude prepotente ou de desprezo com relação aos outros – pode cobrar um preço muito alto. O melhor que temos a fazer, para o bem de nós mesmos e de nossas empreitadas na vida, é ter um pouco de humildade, saber que somos falíveis, aprender a ouvir e perguntar: Quais são meus pontos fracos? Em que posso melhorar?

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José Pio Martins, economista, é reitor da Universidade Positivo.