O Paraná vive hoje uma dupla comemoração. A primeira delas decorre da passagem dos 158 anos da sua emancipação, quando o estado deixou de ser a 5.ª comarca de São Paulo. A segunda, mas não menos importante, é a Universidade Federal do Paraná estar completando os 99 anos de fundação, abrindo os festejos rumo ao seu centenário, no próximo ano.
A fundação da UFPR foi um marco para o estado porque simbolizou a libertação intelectual do Paraná. Essa visão, quase mítica da universidade, já era preconizada desde quando foi criada, em 1912. Nesse sentido, é significativa a declaração do fundador da instituição, Victor Ferreira do Amaral, em seu discurso de inauguração: "O dia 19 de dezembro representa a emancipação política do estado e deveria também representar sua emancipação intelectual".
Pode-se, dizer, portanto, que a universidade, desde o seu nascimento em data simbólica, acabou por representar o anseio de todo um povo pela autonomia de pensamento. Em poder, por seus próprios meios, pensar sua realidade local, organizar os seus investimentos e meios de produção para gerar riqueza, desenvolver sua cultura e suas instituições sem depender de agentes externos.
Ao lado da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a UFPR é a mais antiga do país. E o seu edifício no centro da cidade imprimiu tamanha força no imaginário popular de Curitiba que passou a ser o símbolo da capital, desde 1999, numa escolha realizada pelo voto popular.
Passado quase um século desde a sua criação, o cenário da educação de ensino superior hoje é completamente diferente. Com um orçamento estimado para o ano de 2011 na casa dos R$ 820 milhões, a UFPR ocupa uma posição central no desenvolvimento educacional, científico e tecnológico do estado. Uma observação à parte: além da UFPR, o Paraná conta hoje com outras 189 instituições de ensino superior credenciadas, conforme consta na página de internet do Ministério da Educação entre faculdades, centros universitários e universidades. Delas, 19 são públicas. Nunca antes se teve tanta oferta de oportunidades no ensino superior. Apesar disso, trata-se de um universo bastante heterogêneo em que se denota a necessidade da busca de melhorias acadêmicas em boa parte dessas instituições.
É necessário também se fazer um alerta. Como no Brasil cerca de 60% dos registros de patentes vêm das universidades, é relevante o dado do Instituto Nacional de Propriedade Industrial que indica uma queda no número de patentes registradas no Paraná em 2010. Embora as informações ainda não estejam consolidadas, o Paraná aparece em quinto lugar, atrás de Minas Gerais, caindo uma posição em relação ao ano de 2009. No ano passado o estado fez 596 pedidos de patentes, contra 721 do ano anterior. O número de pedidos registrados em 2010 é pouco expressivo quando comparado com os do Rio de Janeiro (18.958), São Paulo (5.992), ou, mesmo, os do Rio Grande do Sul, (884). Esses índices atestam com clareza que há muito por fazer para melhorar as atuais performances na área de produção de conhecimentos e inovação. Avançar é uma tarefa que irá consumir esforços continuados e, nesse particular, o papel da UFPR é dos mais relevantes pelo histórico e reconhecimento como uma das mais respeitadas instituições de ensino superior do país.
O desafio atual, num momento de dinamismo econômico que vive o país, é que as universidades e demais instituições de ensino superior do Paraná possam contribuir de forma decisiva nos esforços pelo desenvolvimento de conhecimentos técnicos e científicos.