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A festa de quem conseguiu garantir a chance de disputar as eleições em segundo turno, realimentando a esperança de vitória, durou pouco. Não poderia ser diferente. Já vivemos, desde segunda-feira, a nova etapa da campanha. E muitos eleitores poderão até ficar surpresos ou mesmo estarrecidos no decorrer desse processo. A necessidade de aliança será mais forte do que divergências pessoais ou ideológicas. É negociação própria da política, respeitando-se determinados princípios.

Em muitos aspectos, a "função" do político se assemelha à de um diplomata. Cabe a ele, saindo em defesa de interesses e propósitos de um dos lados envolvidos na questão, abrir canais, o leque do diálogo, viabilizar saídas a partir de um consenso. Estão em jogo interesses em princípio coletivos. Uma espinhosa função – ou atividade – nem sempre analisada friamente.

Com o recomeço da batalha eleitoral, as articulações estão de volta; nem sempre de uma clareza total, é claro, mas em muitos casos justificadas pela conjuntura. Junto a esses políticos à cata de acordos estarão outros, também procurando recuperar o fôlego. Estamos falando dos caudatários da cláusula de barreira, que colocou em xeque 14 partidos que não conseguiram alcançar 5% dos votos no Congresso e 2% dos votos em nove estados.

Siglas conhecidas – PC do B, PV, Psol, PTB, PPS, PL – e outras nem tanto, caso do PTC, podem sumir do mapa. A também chamada cláusula de desempenho, em vigor a partir desta eleição, não acaba com os pequenos partidos, mas impõe uma férrea depuração. Calcula-se que dos 16 partidos que atuam na Câmara Federal restarão apenas 6 ou 7 na próxima legislatura. Nem mesmo o histórico PC do B – Partido Comunista do Brasil – e o combativo PV – Partido Verde – saíram imunes. Seus representantes não poderão presidir comissões nem integrar CPIs, ficando com um mínimo dos recursos do Fundo Partidário, e deixarão de aparecer no horário eleitoral gratuito na tevê. Também estará vetada a disputa pela presidência da Câmara ou do Senado.

Os defensores da cláusula alegam que se trata de um instrumento de combate às chamadas legendas de aluguel, que acabam dando guarida a posições ditadas por interesses diversos. Contra a aplicação da cláusula é invocado o democrático direito de manifestação das minorias. A possibilidade de sobrevivência seria a fusão em blocos partidários ou a sua integração a legendas de maior porte. Germina a idéia de alguns partidos de aprovar o projeto que cria as federações partidárias. Ele já tramitou pelo Senado e passou a ser negociado na Câmara. Esse tipo de organização permitiria que vários partidos se unissem para disputar eleições e atuar em bloco no Congresso, sem precisar mudar de nome, mas continuariam sem as regalias e privilégios dos demais. E aí está o nó da questão. Se todos têm o mesmo direito de manifestação e formação partidária, como inibir seu instrumental de atuação efetiva? A cláusula se apresenta, enfim, draconiana.

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