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Editorial

A confissão de Battisti e a política externa brasileira

 | Alberto Pizzoli/AFP
(Foto: Alberto Pizzoli/AFP)

Nesta segunda-feira (25), o terrorista italiano Cesare Battisti, ex-membro dos Proletários Armados pelo Comunismo, admitiu à justiça italiana que foi responsável pelo assassinato de quatro pessoas na década de 1970. Battisti havia sido condenado à prisão perpétua pela Justiça italiana em 1987, e após passagens por França e México entrou no Brasil com documentos falsos em 2004. 

Para se manter como asilado político no Brasil, Battisti negava os homicídios e alegava ser vítima de perseguição política. O status de refugiado político foi-lhe conferido pelo então ministro da Justiça, Tarso Genro, em 2009. O mesmo argumento foi utilizado pelo ex-presidente Lula para negar a extradição do terrorista à Itália. 

A decisão do Partido dos Trabalhadores causou um grande constrangimento ao Brasil perante a comunidade internacional, mas, sobretudo, perante a República Italiana, cujas decisões institucionais foram franca e abertamente desrespeitadas por uma decisão do Estado brasileiro, mas que foi motivada à época pela mera afinidade ideológica entre Battisti e o partido de esquerda que naquela ocasião comandava o país. 

A decisão do Partido dos Trabalhadores causou um grande constrangimento ao Brasil 

No final do ano passado, já no período de transição de governo para o atual presidente, Jair Bolsonaro, o ex-presidente Michel Temer assinou o decreto de extradição do italiano. O paradeiro do terrorista era desconhecido naquele momento, mas com a colaboração das autoridades da Bolívia, Battisti foi encontrado e preso no país vizinho, e, em seguida, enviado diretamente à Itália. 

A extradição do terrorista italiano resolveu uma crise diplomática entre Brasil e Itália que durava anos, e limpou um pouco das manchas geradas pelas decisões equivocadas do PT, em relação à política externa brasileira.

Cesare Battisti confessou-se responsável por quatro homicídios, três ferimentos graves e uma série de roubos. “Estou ciente do mal que causei e peço desculpas às famílias das vítimas”, disse ao promotor de Justiça de Milão, Alberto Nobili. O depoimento de Battisti dá respaldo às instituições italianas e demonstra o quão danoso é a uma nação colocar princípios partidários à frente dos interesses do Estado nacional. 

Não é de hoje que interesses espúrios são colocados acima dos interesses nacionais. É uma tentação que sempre ronda os detentores do poder. Que o caso de Cesare Battisti sirva de aprendizado – não só aos envolvidos na decisão desacertada de dar asilo a um condenado pela Justiça em um país democrático e amigo, mas a todos aqueles que têm o dever de tomar decisões de Estado –, para que erros como esse nunca mais voltem a se repetir.

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