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Editorial

A conta do clima

Como já estamos pagando "a conta do clima", com o temporal que se abateu sobre o território do Paraná no domingo trazendo destruição e mortes, está na hora de completarmos a operação aritmética lançando um programa voluntário de metas para redução de emissões poluidoras, no estado e no Brasil. Embora o novo pacto climático só deva ser ajustado em 2008, conforme decisão da Conferência da ONU no Quênia, nada impede que os povos sensatos dêem sua contribuição para deter a marcha do problema ambiental.

De fato, os alertas de desequilíbrio se aceleram: temporais devastadores como o que nos atingiu no último fim de semana se tornam cada vez mais freqüentes, incêndios apocalípticos são registrados em Portugal, na Califórnia e Austrália; a cidade do México enfrenta uma onda de frio nunca vista e os "icebergs", gigantescos blocos de gelo, flutuam perto das costas do Canadá ou da Nova Zelândia, viajando para áreas cada vez mais distantes de suas origens árticas ou antárticas.

As secas causadas pelo aquecimento global estão afetando inclusive o modo de vida de povos nômades como os massai, do planalto queniano, onde teve origem a linhagem do "homo sapiens". De toda forma, houve um modesto avanço com o acordo para revisão do Protocolo de Quioto em 2008, o que permitirá a continuidade das regras de redução progressiva da emissão de poluentes por parte dos países industrializados após 2012.

O problema é que as outras nações têm práticas que degradam a atmosfera do planeta. Economias em desenvolvimento de grande dimensão – China, Índia e também o Brasil – carregam parcela de responsabilidade na questão ambiental e por isso devem dar sua cooperação via corte de emissões de carbono, óxido nitroso e outros poluentes que causam aquecimento global. Não tem sentido, a propósito, nem a negação sistemática pelos Estados Unidos sob o atual governo republicano e nem a justificativa dos diplomatas brasileiros de que os países hoje industrializados é que poluíram o mundo nos últimos 150 anos e, por isso, devem arcar sozinhos com sua recuperação.

O passo certo é fazer como a União Européia, que vem medindo seu grau de emissão e o tipo de gases poluentes da atmosfera ou de resíduos na água para adotar medidas de controle. Também vários estados e cidades norte-americanas se anteciparam ao governo federal adotando restrições à emissão de resíduos poluidores. O Brasil, que conseguiu reduzir o desmatamento na Amazônia, pode e deve dar sua contribuição, ante o risco comum que todos enfrentamos.

Mesmo porque há pequenas ações ao alcance de cada comunidade, cada família e cada pessoa. Basta separar todos os itens recicláveis e buscar formas de aproveitamento até do lixo orgânico derivado de comidas, o "lixo que apodrece". Bem processado esse resíduo se torna um adubo de ótima qualidade para fertilizar terras agrícolas. Há muito para fazer em favor do planeta Terra, nosso lar comum.

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