A morte por assassinato do jovem ministro da Indústria Pierre Gemayel, no Líbano, ampliou a tensão política no Oriente Médio, já em escalada pela prolongada crise entre o Estado de Israel e os palestinos, além da problemática intervenção ocidental no Iraque. Essa desestabilização leva analistas a compararem a região com os Bálcãs, foco de um conflito que no início do século passado desaguou na primeira Guerra Mundial.
É que, ao lado das questões entre árabes e israelenses, da situação de guerra interna em que o Iraque mergulhou e da escalada da crise libanesa, o Oriente Médio ainda enfrenta o radicalismo da cúpula governante no Irã e as suspeitas de ingerência da Síria nos problemas de países vizinhos. Assim, imediatamente após o assassinato do ministro Gemayel, houve acusações contra o serviço secreto sírio, também responsabilizado pela morte do então primeiro-ministro Rafik Hariri, no começo do ano passado.
O caldeirão em que se transformou a política libanesa agravado por uma desastrada intervenção militar israelense que tentava expulsar a milícia fundamentalista Hezbolah do sul do país já destruiu a esperançosa estabilidade que o Líbano vinha reconquistando, após quase meio século de guerra civil entre as facções pró-Síria e cristã maronita dessa terra de comerciantes milenares.
A crise libanesa só não é pior do que a turbulência ampliada nos territórios palestinos e na Faixa de Gaza, onde facções armadas se chocam entre si e contra os vizinhos israelenses. O problema é que o Estado judeu, desgastado por décadas de hostilidade, perdeu a qualidade de liderança presente na época de sua independência, exibindo hoje políticos medíocres que padecem para enfrentar a situação.
No Iraque a marcha dos fatos também solapou a reconstrução do país sob uma liderança mista de etnias e grupos religiosos, após a derrubada do governo de Saddam Hussein por uma coalizão liderada pelos Estados Unidos. As mortes de cidadãos civis semeiam o caos interno e as perdas de soldados norte-americanos levaram a uma reação eleitoral que afastou o Congresso do presidente Bush. Em desdobramento, o principal arquiteto da intervenção, o secretário da Defesa Donald Runsfeld, foi demitido e os chefes militares cogitam reforçar a presença de tropas no país para tentar um arranjo precário, enquanto negociam um desengajamento igual ao operado no Vietnã há uma geração.
As dificuldades derivadas desse quadro levaram o governo Bush a buscar opções moderadas para resolver os problemas representados pelo desafio do Irã e da Coréia do Norte ao desenvolverem armas nucleares. Ao aceitar soluções via grupos negociadores formados por potências do Conselho de Segurança da ONU e líderes europeus, a nova realidade mostra os Estados Unidos reconhecendo que o mundo transita da fase unipolar que se seguiu ao fim da Guerra Fria para um cenário mais equilibrado de pólos múltiplos na ordem internacional.
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