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Editorial

A esquerda insiste na violência

 | Edilson Rodrigues/Edilson Rodrigues/Agência Senado
(Foto: Edilson Rodrigues/Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Em poucas semanas, assistimos no Brasil a vários protestos pautados pela imposição violenta de ideias políticas. Houve os confrontos com a polícia em Brasília, o ataque à jornalista Miriam Leitão em um voo, a tomada da mesa diretora do Senado por três senadoras e o episódio de agressão no casamento da deputada estadual do Paraná Maria Victoria. Esses fatos têm em comum uma visão de mundo antidemocrática e anticapitalista.

O recurso à violência como uma forma torta de expressão política não é exclusividade da esquerda. Mas é um fenômeno que no Brasil tem se concentrado majoritariamente nesse lado do espectro político. Diferentemente de vários países europeus, por exemplo, onde simpatizantes do discurso xenófobo da extrema direita também apelam regularmente à violência, no Brasil o mais comum é ver esse tipo de ação nos simpatizantes de uma versão extremista de socialismo.

Somente a existência de uma visão distorcida da política explica o fato de dezenas de pessoas atacarem convidados de uma festa de casamento. Os argumentos de que houve “ostentação”, ou de que os presentes pedidos pela noiva eram caros, mostram quão rasa era a motivação de quem foi ao protesto. Não bastasse isso, houve a manipulação da verdade por aqueles que argumentavam que a família do ministro da Saúde, Ricardo Barros, apoiou um golpe que nunca existiu.

A violência e a manipulação da verdade também eram o pano de fundo que levou as senadoras Fátima Bezerra (PT-RN), Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) a tomarem a mesa diretora do Senado na última terça-feira (11). Elas queriam impedir a votação da reforma trabalhista. Sem votos em plenário para que não houvesse o que elas diziam se tratar do “desmonte” dos direitos dos trabalhadores, elas preferiram impedir o curso da votação – seguindo a promessa feita por Gleisi de partir para a radicalização.

Outra característica do extremismo é a vontade de calar os outros. Foi o que levou delegados do PT a atacarem a colunista Miriam Leitão em um voo, chamando-a de terrorista. Como se ela fosse uma inimiga do partido e não alguém com o direito constitucional de se expressar.

Por fim, é comum a essas manifestações o discurso anticapitalista e de perseguição pelas “elites”, que sempre fez parte da vida da esquerda brasileira. O que chama a atenção é o fato de ele ainda ser o combustível para manifestações que extrapolam os limites, 30 anos depois da volta da democracia.

A postura das senadoras que tomaram conta da mesa diretora do Senado merece especial análise por ter atacado diretamente o funcionamento de um dos poderes do Estado. Se fizéssemos uma gradação das manifestações violentas das últimas semanas, esta estaria no grau máximo: em vez de preservarem a instituição que representam, as senadoras usaram um estratagema típico do totalitarismo e fecharam o Senado por algumas horas. As senadoras ultrapassaram seus limites institucionais e posaram como heroínas, demonstrando seu desprezo pelo estado democrático de direito. Seu ato precisa ser punido exemplarmente pela Comissão de Ética do Senado.

Uma parte da explicação para a violência nas manifestações de parte da esquerda está na crença de que o próprio sistema democrático é uma conspiração que coloca o “capital” no controle para espoliar o “trabalho”. Decorre disso a crítica sem sentido a qualquer demonstração de riqueza (a ponto de se monitorar a lista de casamento da parlamentar paranaense) e a dificuldade em aceitarem o poder das instituições para punir os desmandos de quem os representa. Não é por acaso que ainda prosperam as ideias de que houve golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff e de que o ex-presidente Lula é perseguido pelo juiz Sergio Moro.

Para complementar a explicação, é preciso levar em conta que a agenda dessa ala agressiva da esquerda não é flexível, como se espera no debate democrático. Ela é uma visão fixa da realidade, segundo a qual vale o “tudo ou nada” na busca de uma igualdade idealizada. Isso leva ao raciocínio de que, sem apoio popular, é preciso mesmo partir para a ação. O convencimento é, enfim, substituído pela violência.

Não é vontade da maioria dos brasileiros viver em um país fechado ao empreendedorismo, à iniciativa privada, e que pune a geração de riqueza da maioria em nome da manutenção de privilégios ou de um projeto de poder. O que mais interessa às pessoas é ter a chance de ascensão, algo que é muito mais viável em uma economia aberta ao mundo, produtiva e inclusiva. Para isso, o Brasil terá de continuar acreditando nas instituições democráticas, no valor das liberdades em suas várias manifestações e no combate à corrupção. Qualquer desvio abrirá a porta para o que há de pior na política: o totalitarismo e a censura.

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