| Foto: Alexandre Mazzo/Gazeta do Povo
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O ser humano é, por natureza, um ser que esquece – e a ficção de Jorge Luís Borges nos mostra quão terrível seria se não fosse assim. Mas não nos esquecemos apenas de trivialidades, de episódios vividos, de textos lidos, de coisas aprendidas: esquecemo-nos também de coisas muito mais essenciais, de nosso propósito, de nossos valores, de nossas necessidades, de nossos anseios. Mas nada disso desaparece. Permanece ali, em nosso íntimo, dormente, à espera de uma faísca que desperte o melhor dentro de nós. O conselho de um amigo ou parente, uma crítica ou admoestação, o exemplo de alguém próximo... ou um texto de jornal.

O esquecimento e o silêncio se alimentam. Quanto mais indivíduos em uma sociedade se esquecem dos valores mais básicos que deveriam nortear o comportamento pessoal e a vida em comunidade, menos tais valores vêm à tona nas conversas, nos debates, na imprensa, o que leva cada vez mais pessoas a ignorá-los também, sugadas pelo turbilhão do cotidiano. Até o momento em que a “espiral do silêncio” se torna a norma. É assim que comunidades inteiras perdem a noção do certo e do errado, passando a aceitar pacificamente uma série de atitudes que contradizem totalmente aqueles valores que falam mais fundo ao ser humano, mas que ficaram sufocados.

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Gazeta do Povo não quer apenas acompanhar e relatar a renovação cultural do país; quer colaborar para o seu sucesso

O leitor certamente já observou esse fenômeno. Quantos comportamentos que antes considerávamos inaceitáveis e degradantes, como o individualismo possessivo, a traição, a infidelidade, a promiscuidade, o uso de drogas, a agressividade contra quem discorda de nós, são hoje amplamente aceitos e até mesmo promovidos? Quem acompanha o noticiário se lembrará dos episódios em que, por exemplo, os poderes constituídos patrocinaram violações à dignidade da vida humana – especialmente aquela mais indefesa e inocente. Ou das vezes em que alguns grupos resolveram usar a força para impor suas convicções, algumas das quais até mesmo muito nobres, impedindo que outros exercessem seus direitos. Ou, ainda, das ocasiões em que as escolas e universidades foram o palco da imposição de filosofias e teorias que falseiam a realidade. Esta é a situação que vivemos hoje, não apenas no Brasil, mas em boa parte do mundo. Infelizmente, boa parte da “classe pensante”, incluídos aí intelectuais, artistas e imprensa, colaborou para isso. Teriam os herdeiros dos filósofos relativistas conquistado a vitória definitiva?

Não, definitivamente não. E bem sabemos a transformação que uma sociedade vive quando algumas pessoas de coragem começam a recuperar aquelas noções esquecidas no coração do homem. A primeira reação é a de choque, e até haverá aqueles que desejarão calar essas vozes solitárias e incômodas. Mas os ideólogos e justiceiros sociais, ainda que saibam pressionar e reclamar, não são capazes de reprimir anseios que estão inscritos dentro de cada um: a vontade de ser melhor; o inconformismo de não aceitar as situações de injustiça; o respeito pelos demais seres humanos, pelo simples fato de sê-lo; a compreensão de que só poderemos evoluir se tivermos a liberdade para dar o melhor de nós. A centelha lançada por aqueles que se dispuserem a romper o silêncio tem tudo para se espalhar e acordar toda uma sociedade.

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Ao longo dos últimos 100 anos, a Gazeta do Povo sempre procurou dar sua contribuição para que a sociedade em que estamos inseridos seja cada vez melhor, e é este compromisso que desejamos reafirmar hoje. Queremos continuar a lançar faíscas, porque acreditamos que cada um nasceu para a excelência, para ser a melhor pessoa que puder ser, pelo exercício das virtudes dentro de sua família, de seu bairro, dos grupos de que participa. Acreditamos que a vida humana precisa ser respeitada em sua plenitude, desde o início até a morte natural. Acreditamos que é possível construir uma cultura em que as pessoas, as comunidades e as empresas olhem para o bem comum e o desejem; e, para isso, precisam que o poder público lhes dê liberdade, socorrendo-as apenas quando é necessário. E também queremos ser vento, espalhando as faíscas que outras pessoas lançarem, divulgando suas ideias, estimulando o debate, rompendo esse silêncio que sufoca os desejos mais nobres que estão dentro de cada pessoa.

O Brasil está em meio a um processo de transformação cultural em que há mais e mais pessoas assumindo seu protagonismo, erguendo sua voz e derrotando, aos poucos, a apatia individualista que facilitava a negação dos valores mais caros aos seres humanos. A Gazeta do Povo, ao comemorar seu centenário, não quer apenas acompanhar e relatar esta renovação; quer colaborar para o seu sucesso, construindo um país que privilegie o ser humano, com sua dignidade intrínseca; a família, célula-mater da sociedade; a confiança, essencial para uma convivência saudável; e a liberdade, sem a qual ninguém pode buscar a excelência.

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