Em meio à série de marcos negativos na economia, uma boa notícia: nossas cooperativas vão muito bem, obrigado, provando que, mesmo diante de adversidades na economia, é possível crescer. O balanço apresentado em dezembro pela Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) mostrou que, mesmo com um crescimento menor que o registrado em anos anteriores – em 2014 a receita bruta das cooperativas paranaenses aumentou pouco mais de 10% enquanto nos últimos cinco anos a média de crescimento foi de 16,5% –, o setor fecha 2014 com um faturamento de R$ 50,9 bilhões. As exportações também aumentaram, passando de US$ 2,36 bilhões em 2013 para US$ 2,8 bilhões em 2014.

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Só para se ter ideia da grandeza dos resultados, a receita bruta obtida pelas 228 cooperativas paranaenses supera o orçamento de 23 estados da União, incluindo o do Paraná, que é de R$ 35,8 bilhões. Apenas em impostos, o setor gerou R$ 1,3 bilhão. O resultado só não foi ainda melhor devido à redução das cotações das commodities e aos problemas no mercado internacional verificados ao longo do ano.

Esse bom desempenho merece ser comemorado por todos porque influencia diretamente toda a economia paranaense. À frente do agronegócio estadual, as cooperativas hoje participam com 56% da formação do Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário estadual. Presentes em todas as regiões (sendo que em 100 municípios elas são as maiores empresas), as cooperativas são um importante fator de desenvolvimento socioeconômico, não apenas pela geração de emprego e renda – atualmente as cooperativas geram 2,2 milhões de postos de trabalho e gastam R$ 2 bilhões por ano com folha de pagamento –, mas também estruturando o desenvolvimento de diversas cadeias produtivas no campo.

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Para vencer o cenário econômico negativo, as empresas têm investido pesado na diversificação, armazenagem e beneficiamento. No total, foram aplicados R$ 2,8 bilhões em obras de infraestrutura e agroindustrialização. Ao atuar em diversas frentes, elas conseguem mais estabilidade e segurança diante de oscilações naturais do mercado. Muitas cooperativas, por exemplo, vêm investindo na produção de carnes, o que pode compensar eventuais quedas nos preços de grãos.

O beneficiamento é outra forma encontrada pelas cooperativas para obter melhores resultados. Os grãos industrializados valem mais e sofrem menos com as variações do mercado que o grão in natura. Hoje, segundo a Ocepar, 48% dos 20,4 milhões de toneladas recebidas pelas empresas passam por algum tipo de beneficiamento. Em 2013, o índice era de 46,8% sobre uma produção de 20,3 milhões de toneladas. A meta para este ano é aumentar a taxa de beneficiamento de grãos para 50%.

Para 2015, o setor já sabe que terá de enfrentar problemas. A alta da inflação e o aumento dos juros devem diminuir subsídios, o que pode afetar investimentos e aquisição de insumos. As margens de lucratividade continuarão a ser influenciadas pelo desempenho da economia mundial, especialmente de países da União Europeia, Japão e Estados Unidos.

Por outro lado, o avanço da nova Lei das Cooperativas, que substituirá a antiga (de 1971), poderá modernizar a legislação do setor, agilizando o processo de abertura de cooperativas. Entre outros itens, a proposta, aprovada pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado em meados de dezembro, exige, para o reconhecimento da entidade como cooperativa, o registro na Organização das Cooperativas do Brasil (OCB) ou na União Nacional das Organizações Cooperativistas Solidárias (Unicopas). O texto também cria os chamados Certificados de Crédito Cooperativo (CCC), títulos com características próximas às de debêntures, e que podem auxiliar na captação de recursos.

Diante do pessimismo generalizado com os rumos da economia, é bom perceber que o setor produtivo ainda consegue encontrar formas de crescer e contribuir para o desenvolvimento do estado. As cooperativas paranaenses são um exemplo de que é possível, mesmo diante de cenários pouco estimulantes, gerar riquezas e manter investimentos para o aumento e diversificação da produção. Que em 2015 outros setores consigam driblar a crise e apresentar resultados tão bons ou melhores que os apresentados por nossas cooperativas em 2014.

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