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A reforma da Previdência é o tema mais importante do atual governo. Depende dela a garantia da solvência das contas públicas, isto é, a própria vitalidade econômica do país, o que é, por sua vez, estritamente necessário para que outros projetos, como a reforma tributária, possam ser apresentados, e que uma nova fase de desenvolvimento possa ser descortinada. 

O novo governo está próximo de completar cem dias e o item fundamental da sua agenda não caminhou com a celeridade que deveria e que seria de se esperar. De qualquer forma, com a entrega do projeto da previdência dos militares, na última quarta-feira, nenhum impedimento mais existe, hoje, para que se possa avançar na negociação e na tramitação da reforma. O desafio está diante de todos os brasileiros. 

O que o momento requer, especialmente do presidente, mas também de todos os atores políticos envolvidos na decisão, é de um grande patriotismo, corretamente entendido como amor por nosso país unido a um forte sentido de responsabilidade, e de uma vigorosa capacidade de liderança. 

O verdadeiro líder consegue gerar o entusiasmo necessário que une forças

Ser capaz de vislumbrar um futuro de desenvolvimento e de florescimento dos potenciais humanos do país; discernir os melhores caminhos para se chegar lá; ter capacidade de formular essa estratégia e essas prioridades de maneira clara e convincente; saber propô-la com respeito a todos, em especial àqueles que participarão dos debates e das decisões; comunicar, comunicar e comunicar; ser capaz, na condução das negociações, de distinguir entre o que é prioritário e o que é periférico; ter a magnanimidade de não alimentar divisões e a capacidade de negociar o que for possível – o que é bem diferente do “toma lá, dá cá” –, respeitando a inevitável heterogeneidade dos atores políticos; uma determinação gigantesca que não desfalece diante dos obstáculos e que leva à busca de soluções e compromissos criativos e respeitadores da moralidade pública e do Estado de Direito; e uma grande capacidade de sacrifício; essas são algumas das qualidades que tornam grandes os líderes. É disso, ou de parte disso, que o Brasil necessita neste momento e que quer contemplar em seus representantes, a começar pelo chefe do Executivo. 

Essas virtudes terão de ser exercidas, por exemplo, em uma eventual proposição disjuntiva que o Legislativo venha a fazer, se este considerar que a reestruturação da carreira das Forças Armadas deve ficar para outra oportunidade, em benefício da aprovação da chamada “Nova Previdência”. Terá Bolsonaro a capacidade de agir com sabedoria, se precisar enfrentar uma de suas maiores bases de apoio, visando um bem maior? 

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E como o cidadão pode se engajar nesse processo? Até agora houve pouca mobilização popular em relação à reforma, demonstrando que a mensagem da importância e da urgência da matéria ainda não chegou aos ouvidos dos brasileiros. Os responsáveis pela comunicação da proposta devem ser mais ativos na sua divulgação. A começar pelo próprio presidente, que poderia deixar de lado a sua atitude, por vezes, hostil para com a imprensa, e enfrentar os questionamentos com clareza, sabendo demonstrar a todos – e não apenas à parcela simpática a seu governo – o porquê da tomada desta ou daquela decisão. 

O verdadeiro líder consegue gerar o entusiasmo necessário que une forças – em vez de dividi-las – para realizar um determinado fim, diminuindo muito a necessidade de se fazer concessões que podem se revelar prejudiciais num futuro próximo. 

Quiçá Bolsonaro, e também sua equipe, possam assumir o protagonismo que deles se espera, para que as reformas internas, tão necessárias para o futuro do Brasil, sejam levadas adiante.

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