Em avaliação do Paraná Pesquisas realizada neste mês de dezembro, 46,9% dos brasileiros acreditam que a sua situação financeira permaneceu a mesma durante o ano de 2019. Essa percepção segue a lógica de que a última variável a ser percebida economicamente, tanto para aumento como para queda, é a de nível de emprego.
O índice de desemprego fechou o mês de novembro em 11,2%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número está melhor do que as projeções. No entanto, o patamar ainda é elevado. Por outro lado, o mercado informal bateu recorde no trimestre encerrado no mês de novembro, com 24,6 milhões de brasileiros trabalhando nessa modalidade.
Esses dados refletem que a economia, de fato, melhorou, mas de forma ainda insuficiente para que o nível econômico dos brasileiros na sua totalidade pudesse se elevar.
Em estudo da Fundação Getúlio Vargas deste ano, verificou-se que, atualmente, em decorrência da crise financeira que teve início no segundo mandado de Dilma Rousseff, 23,3 milhões de pessoas vivem abaixo da linha pobreza, ou seja, com rendimentos abaixo de R$ 323 reais por mês; cerca de 11,2% da população. A miséria teve aumento de 33% – totalizando um aumento de 6,3 milhões de novos pobres.
Esta avaliação não agrega ainda os dados econômicos do último semestre do governo Bolsonaro, que mostraram um crescimento mais consistente; contudo demonstra as dificuldades que o país terá de enfrentar para aliviar o sofrimento de sua parcela mais pobre.
Para se ter uma ideia, o nível de desigualdade nas regiões menos desenvolvidas do Brasil (Norte e Nordeste) aumentou cerca de 5% entre 2014 e 2019. Uma matéria especial do jornal O Estado de São Paulo aponta que “a parte mais rica dos brasileiros se distancia cada vez mais da parcela mais pobre. No começo deste ano, a renda da metade mais pobre caiu cerca de 18%, e o 1% mais rico teve quase 10% de alta no poder de compra, segundo o IBGE.”
O governo tentou algumas medidas para reverter esse quadro, como a inclusão do 13.º do Bolsa Família. Mas só um crescimento sustentável prolongado pode elevar os níveis de emprego para patamares aceitáveis e elevar o poder de compra das famílias.
A sociedade não pode se contentar apenas com leves melhoras econômicas: é preciso resolver o problema da miséria no Brasil. Por isso, o ano de 2020 apresenta-se decisivo para a continuação das reformas, sobretudo daquelas que fomentem a iniciativa privada a investir e produzir.