Com pouco mais de 55% dos votos válidos, o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, venceu o petista Fernando Haddad no segundo turno da eleição presidencial e assumirá o posto máximo da nação em 1.º de janeiro de 2019. A vantagem inequívoca, de cerca de dez pontos porcentuais, ajudou a amainar possíveis tensões que poderiam surgir com um resultado mais apertado.
Destaque-se, aqui, a avaliação da chefe da missão de observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA), Laura Chinchilla. A ex-presidente da Costa Rica afirmou que ela e seus colegas estavam “impressionados positivamente” com a maneira como se desenrolou a votação, sem maiores problemas, em uma demonstração de que a democracia brasileira, ainda que jovem, ganha em maturidade com o comportamento dos eleitores.
O brasileiro deseja trabalhar e empreender com liberdade e segurança
Em seus primeiros discursos, o vencedor citou diversas vezes o respeito à Constituição e ao Estado Democrático de Direito; apesar de algumas críticas à esquerda, não quis acirrar rivalidades e, sem ser muito explícito, fez acenos essenciais a uma muito necessária pacificação do país após uma campanha que provocou divisões como nenhuma outra na história recente do país. O tom de sua fala foi bem mais programático, já antecipando o que serão suas linhas de governo em vários temas, da economia à diplomacia. Muito do que Bolsonaro afirmou nessas primeiras palavras após a vitória representa um anseio do brasileiro, que deseja trabalhar e empreender com liberdade e segurança, sem ser sufocado por um Estado que é onipresente no momento de regular e tributar, mas omisso quando se trata de garantir seu direito à vida e à propriedade.
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Nossas convicções: O poder da razão e do diálogo
E aqui precisamos compreender que esse é um ideário abraçado pela maioria da população, e que ajudou a levar Bolsonaro à vitória. Um dos grandes méritos desta eleição, aliás, é o fato de tais ideias em temas econômicos e sociais – defendidas não apenas pelo vencedor, mas também por outros candidatos –, além de várias convicções no campo moral, terem voltado a ganhar carta de cidadania após muitos anos sendo classificadas como praticamente inaceitáveis por boa parte da classe política e intelectual. Confiamos que mesmo quem discorda dessas ideias, tendo votado em Haddad por compartilhar de uma outra visão a respeito de temas como o papel do Estado, saberá reconhecer a necessidade de dialogar e argumentar, sem simplesmente desqualificar a defesa dessas ideias com rótulos que destroem qualquer possibilidade de compreensão mútua.
Encerrada a campanha, o dia seguinte para todo o Brasil continua sendo de trabalho duro. A crise e o desemprego continuam flagelando o país e os brasileiros, independentemente do voto que cada um depositou na urna no domingo. Confiamos que, após a confirmação do resultado, os ânimos se acalmarão, a índole democrática do brasileiro prevalecerá e todos perceberemos que a exacerbação da polarização não ajudará o país a prosperar. Quem votou em Bolsonaro já acredita e espera que ele fará um bom governo. Mas contamos com essa boa vontade também da parte de quem votou em Haddad, ou não optou por nenhum dos dois candidatos, inclusive daqueles que se manifestaram publicamente prevendo uma catástrofe em caso de vitória do candidato do PSL. Se soubermos deixar para trás o “quanto melhor, pior”, seremos capazes de dar nossa contribuição, bem mais fundamental que a de qualquer governante.
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