Com a assunção de Michel Temer à Presidência da República, ainda que de forma interina até o julgamento do impeachment de Dilma Rousseff, um novo grupo de ministros chegou à área econômica. Faz parte do time o ministro das Relações Exteriores, José Serra, ele próprio economista e político experiente em cargos no Legislativo e no Executivo. Dada a importância do comércio exterior para a economia brasileira, as crenças e as decisões do ministro Serra serão relevantes para definir os rumos que o Brasil tomará em sua relação com a economia internacional.
Há certo consenso mundial de que o crescimento econômico e o desenvolvimento social de um país dependem de seu grau de inserção na economia internacional, da capacidade de importar tecnologias, da abertura para as inovações e da rapidez com que elas sejam incorporadas aos processos produtivos internos. Sendo conhecido por tímido desenvolvimento de tecnologias, pelo baixo número de invenções e/ou inovações patenteadas e por uma dúbia postura quanto à importação de tecnologias estrangeiras, o Brasil está diante da oportunidade de ampliar sensivelmente seu grau de abertura ao exterior e implantar um robusto programa de absorção de tecnologias e inovações estrangeiras.
O Brasil tem a oportunidade de aprender com os problemas europeus
Uma lição aprendida com a crise europeia dos últimos anos é que, entre as causas da estagnação dos países da região, está o baixo grau de inovação e a perda do dinamismo do velho continente. A Europa foi vítima de seu próprio sucesso. Tendo se recuperado rapidamente dos danos resultantes das duas guerras mundiais do século 20 e construído uma economia desenvolvida, com elevada renda per capita e alto padrão de bem-estar social, os países europeus relaxaram, reduziram a velocidade de inovação, a população envelheceu, a infraestrutura se desgastou e a região foi tomada por baixo crescimento econômico e elevado desemprego.
Os líderes europeus atuais têm declarado que a economia europeia precisa acelerar a inovação e a modernização de suas estruturas produtivas e de seus aparatos de governo, como instrumento para gerar empregos e melhorar o padrão de vida de amplas faixas de suas populações. O Brasil tem a oportunidade de aprender com os problemas europeus, pois, em boa parte, os problemas por aqui são parecidos com os de lá. Ou seja, a economia brasileira precisa recuperar sua infraestrutura, o setor público requer urgente choque de eficiências e moralidade, o grau de inovação ainda é baixo e precisa ser elevado rapidamente, e a inserção na economia internacional requer aceleração. Um ponto é certo: a recuperação econômica brasileira e a elevação da renda por habitante dependem da ampliação do coeficiente de comércio exterior brasileiro em relação a seu Produto Interno Bruto (PIB).
Nesse sentido, a julgar pelos discursos e declarações do ministro, a chegada de José Serra ao Ministério das Relações Exteriores pode contribuir para melhorar o desempenho do Brasil em relação à participação do país na economia internacional. Embora tenha se mostrado um pouco leniente em relação à permanência da Venezuela no Mercosul, Serra tem dado pistas de que sua atuação caminhará no sentido de maior abertura externa, intensificação dos acordos multilaterais, expansão do comércio exterior e estímulo às trocas de tecnologias e inovações. Há dois anos, os Estados Unidos e a União Europeia firmaram um mega-acordo comercial, caracterizado como um acordo bastante amplo de livre comércio e investimento, eliminação de barreiras tarifárias e regulatórias de uma gama de bens e serviços. Trata-se de um tipo de acordo que deve ser considerado como iniciativa a ser imitada pelo Brasil.
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