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Editorial

Ação conjunta

No ano passado, no Brasil, de cada 100 softwares vendidos, 64 eram pirateados. No mundo, no mesmo período, de cada 100, os piratas eram 35. Isso representou um prejuízo de US$ 34 bilhões, como aponta relatório da Business Software Alliance (BSA). Um outro documento, do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (Etco), mostra que, mesmo com a pirataria em refluxo, a produtividade das empresas que praticam essa ilegalidade e fomentam o contrabando é metade da registrada pelas empresas que operam dentro da formalidade.

O mesmo trabalho dimensiona a economia informal que, aproximadamente, pode chegar a 40% da renda nacional bruta. O presidente do Etco, empresário Emerson Kapaz, anunciou que o Instituto, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, passará a fazer um raio X para estabelecer o real tamanho da informalidade. A pulsação da "economia subterrânea", como ele classificou a atividade, será acompanhada por um índice a ser estabelecido pelo instituto e a FGV. Será mais um passo de um trabalho iniciado com o mapeamento da rede de pirataria e contrabando. Foram identificados os pontos que servem de tripé para a atividade: burocracia, justiça lenta e mobilização de diversos setores que "passaram a ganhar dinheiro com produtos ilegais".

Existe ainda o comportamento do consumidor brasileiro, que ainda não apresenta padrão de ética e de valores. Lamenta o empresário que a sociedade brasileira tem cada vez mais uma sensação de que "a ética não é importante". Esse consumidor acaba aceitando qualquer produto, "venha de onde vier". Pode ser carga roubada, pirataria, contrabando ou sonegação. E quando isso ocorre, com o referendamento desse tipo de compra na ponta, "toda a cadeia produtiva acaba percebendo que vale a pena o mercado, até porque dificilmente é punida".

Para quem combate a pirataria, da área do Poder Executivo a ajuda deve vir de mais uma frente. Além da fiscalização interna e da fronteira, o que já vem ocorrendo de modo bastante forte na Tríplice Fronteira – responsável por 70% da entrada de produtos contrabandeados –, espera-se a redução da carga tributária. A não redução da carga tributária para produtos legais coloca em risco os avanços no combate à ilegalidade, já que, enquanto a diferença de preços for muito alta, não será fácil conter esse mercado. É preciso reduzir a carga tributária que justifica e estimula a clandestinidade, além de simplificar a legislação. O Etco endossa iniciativas como a proposta pelo Ministério da Justiça de passar a aplicar penas ao consumidor apanhado na compra de produtos falsificados. E justifica o apoio ressaltando que é bem-vindo qualquer tipo de legislação que enquadre o consumidor na medida em que ele é o elo final da cadeia . Os primeiros elos – as fronteiras e a logística que existe por trás desse tipo de comércio – já vêm sendo desmantelados. Atacando em todas as frentes, chega-se ao consumidor, que deve estar consciente de sua responsabilidade. Até para ajudar a trazer a informalidade para a formalidade, ou a grande maioria continuará perdendo e, alguns poucos, zombando dela.

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