A aprovação do relatório da comissão especial do impeachment na Câmara dos Deputados, por 38 votos a 27, foi uma demonstração de que o afastamento da presidente Dilma Rousseff ganhou força entre os parlamentares e deve ter acendido um alerta máximo nos corredores do Palácio do Planalto. Os deputados deram sinais bastante claros de que estão dispostos a fazer a máquina do impeachment prosseguir rapidamente, a fim de decidir já no próximo domingo pela admissibilidade ou não do processo contra a presidente.

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Mesmo com um cenário favorável à admissibilidade do processo, será preciso olhos vigilantes e mobilização da sociedade para impedir que o fisiologismo saia vencedor. Com apenas cinco dias para conseguir barganhar os votos necessários a fim de barrar o processo de afastamento, o governo Dilma deve usar todo o seu poder de fogo – oferecendo cargos e liberação de emendas – num esforço brutal jamais visto na história deste país.

As mobilizações podem convencer a mudar de ideia os deputados indecisos

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Engana-se, entretanto, quem pensa que o impeachment já é uma realidade inevitável. O jogo pesado do Planalto pode a cada dia alterar o placar do próximo domingo. Até porque governo e oposição vão ter de disputar voto a voto, numa competição acirrada para atingir o “número mágico” que necessitam. Os oposicionistas precisam de 342 parlamentares que sejam favoráveis ao prosseguimento do pedido de afastamento no Senado. Já ao governo basta conseguir o apoio de 171 deputados para matar o processo. O poderio do Planalto e a fluidez com que aliados viram oposição, e vice-versa, tornam o ambiente fértil em complexidade, aumentando a incerteza sobre o resultado da votação em plenário.

É bem verdade que a informação divulgada na semana passada, de que a Andrade Gutierrez fez doações legais à campanha de Dilma e aliados, em 2010 e 2014, usando propina de obras superfaturadas da Petrobras, causou lá seu estrago. E pode inclusive pesar para que os deputados engrossem as fileiras a favor do impeachment. Mas a mobilização da sociedade talvez seja o elemento decisivo para reduzir a incerteza no placar, em especial as manifestações marcadas para o próximo dia 17.

As mobilizações de domingo, a depender de sua magnitude em todo o país, podem convencer a mudar de ideia os deputados indecisos e aqueles que pretendem receber benesses do governo. Em menor grau, mas de forma alguma desprezível, as manifestações de internautas nas redes sociais têm se mostrado útil, e, num “corpo a corpo virtual” com deputados, podem pesar no resultado da votação. Vale lembrar que os seguidos protestos realizados ao longo de meses passados já demonstraram o quanto essas manifestações são significativas para influir nos corações e mentes dos parlamentares.

Por tudo isso, é importante que os cidadãos não deem por pressuposto que a admissibilidade do impeachment está simplesmente nas mãos dos deputados que irão se reunir em plenário no próximo domingo. Em momento tão crucial, uma desmobilização dos descontentes iria passar a falsa ideia de que a sociedade perdeu o interesse pelo impeachment da presidente. É preciso que os parlamentares tenham muito presente que a sociedade permanece mobilizada pela saída de Dilma e estará prestando bastante atenção na forma como irão votar no próximo domingo.

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