Parece não terem fim as agruras de Dilma Rousseff com seus ministros, seis deles afastados por suspeitas de falcatruas e um por insubordinação. Superado o caso Carlos Lupi, titular da pasta do Trabalho, demitido no domingo, poderia se supor ter sido ele o último grande aborrecimento para a presidente no ano. Pelo jeito não é o que vai ocorrer diante das revelações da imprensa de que mais um ministro está sob suspeita de ter embolsado uma dinheirama supostamente pela execução de "serviços de consultoria". A bola da vez é Fernando Pimentel, titular do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que amealhou R$ 2 milhões por assessoria dada a entidades empresariais de Minas Gerais. O imbróglio que envolve as atividades de Pimentel diz respeito à suspeita de tráfico de influência que permitiu a ele faturar milhões com sua empresa de consultoria após deixar a prefeitura de Belo Horizonte. Um dos coordenadores da campanha presidencial de Dilma, com a vitória nas urnas Pimentel foi guindado à condição de ministro do Desenvolvimento, coincidentemente a área onde mostrou seus dotes de bem-sucedido consultor. A título de recordação, Antonio Palocci, o outrora todo-poderoso chefe da Casa Civil, caiu em desgraça após as revelações de suas habilidades como dublê de ministro e consultor, situação que permitiu a ele embolsar a bagatela de R$ 7,5 milhões em apenas quatro anos. Em resumo, casos como os ocorridos com Palocci e agora com Fernando Pimentel são inadmissíveis. Ocupantes de cargos públicos de relevância não podem desfrutar dessa condição para exercer tráfico de influência para si ou para terceiros.
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