A economia mundial atingiu um nível de integração tal que os acontecimentos em um país ou região afetam praticamente a todos. A integração internacional está carregada de vantagens para os países que dela fazem parte: acesso aos mercados mundiais, intercâmbio de tecnologias, acesso aos financiamentos externos e obtenção de suprimentos externos para produtos que faltam internamente são algumas das vantagens possíveis. Os benefícios da inserção internacional são muitos e, hoje, é impossível que um país consiga desenvolver-se caso se feche ao resto do mundo e viva economicamente isolado.
Apesar das vantagens, a inserção internacional impõe alguns ônus às nações que dela participam, entre os quais estão os efeitos sobre a economia interna de uma crise internacional que reduza a demanda do resto do mundo pelos produtos nacionais. O Brasil experimentou boa situação nos anos dourados entre 2002 e 2010, quando as commodities brasileiras exportadas tiveram seus preços aumentados ano a ano e permitiram que as reservas internacionais em moeda estrangeira atingissem US$ 370 bilhões. Foi esse quadro que permitiu ao presidente Lula ter bons anos de economia interna, pagar parte da dívida externa e fazer programas sociais exitosos.
A recuperação dos mercados chinês e europeu, mesmo que pequena, é importante para o Brasil
A presidente Dilma não teve a mesma sorte. Além de seus graves erros na política econômica, o bom quadro internacional se desfez e os preços das exportações brasileiras passaram a cair, de modo que foram adicionados problemas sérios à situação econômica interna. Os Estados Unidos, a China e o mercado europeu são os atores que tanto ajudaram os anos de expansão – com destaque para a elevação do consumo na China – como também contribuíram para o declínio da economia brasileira ao reduzirem suas compras externas. Entre os efeitos da crise mundial estão as quedas nos preços dos alimentos e dos minérios exportados pelo Brasil e a queda nos preços do petróleo.
Entretanto, nas últimas semanas surgiram boas notícias na recuperação no consumo chinês e melhoria na economia europeia, cujos efeitos começaram a ser sentidos nos aumentos de preços do minério de ferro e do petróleo. Tanto é fato que, apesar da Lava Jato, as ações da Petrobras tiveram alguma elevação, como também houve subida no preço das ações da Vale, grande exportadora de minérios. Essas notícias, ainda que tímidas, significam um alento internacional para a economia interna e, caso a recuperação continue, o Brasil poderá ter anos melhores a partir de 2017.
Se cair 3,5% em 2016, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro encerrará este ano sendo 7,2% menor que o PIB de 2013, desempenho fraco e muito grave quando se considera que a população cresceu, nos últimos três anos, em torno de 4,8 milhões de habitantes. A recuperação dos mercados chinês e europeu, mesmo que pequena, é importante para o Brasil, entre outras razões porque surgiu a possibilidade de os Estados Unidos entrarem em recessão, anulando parte das vantagens decorrentes da melhoria em outras partes do mundo. Porém, não está claro para onde irá a economia norte-americana, atualmente influenciada pelo processo eleitoral em curso destinado a eleger o presidente da república que sucederá Barack Obama.
No meio de tantas notícias ruins, o cenário internacional apresenta algum alento que o Brasil poderá usar para minorar os efeitos da crise atual, desde que saiba aproveitar os bons ventos externos. De saída, o país precisa melhorar sua política externa e ampliar a abertura internacional em relação aos investimentos estrangeiros e o intercâmbio de tecnologia.
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