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Safras como a atual mostram o que precisa ser feito para garantir o desenvolvimento rural e urbano, econômico e social

O Paraná sente neste ano fortemente o impacto do La Niña na produção rural, no comércio, na prestação de serviços. O estado sofre quase tanto quanto o Rio Grande do Sul pela falta de chuvas na face Norte-Oeste. A colheita está rendendo 4 milhões de toneladas a menos de soja nas lavouras paranaenses, 26% a menos do que na temporada anterior. No milho, com uma área 26% maior, a expansão mal chega a 5%. Quebra essa que põe a gestão das contas do agronegócio e a competitividade da infraestrutura à prova. Mas safras como a atual, por outro lado, mostram o que precisa ser feito para garantir o desenvolvimento rural e urbano, econômico e social.

Prioridade para o agronegócio, ampliação da estrutura portuária, ferroviária e rodoviária ganha importância. Surgem sinais de que os gargalos são suficientemente conhecidos na iniciativa privada e no setor público, com investimentos que vão do Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) à promessa de que uma nova ferrovia ligando Maracaju (MS) ao Porto de Paranaguá terá estudo financiado pelo governo federal. O avanço é mais lento do que o setor produtivo gostaria, até porque ainda há muito a ser feito. Os próprios gestores do Porto de Paranaguá levantam questões como a necessidade de uma nova ligação rodoviária entre o Litoral e o interior do estado – discussão ainda latente, um ano depois de a BR-277 ter ficado interditada pelos desabamentos que as chuvas de março de 2011 provocaram. O transporte ferroviário também precisa de obras na Serra do Mar, onde os trens transitam lentamente. A própria região de acesso ao Porto de Paranaguá merece novo planejamento.

No interior do estado, as rodovias estão sobrecarregadas. A duplicação de trechos de intensa movimentação vem sendo adiada em meio às discussões contratuais entre o governo do estado e as concessionárias. Além de vias paralelas, faltam viadutos, trincheiras, desvios que garantam o fluxo de veículos de carga e o tráfego urbano em segurança.

Essas providências são essenciais para que, em anos de produção em baixa, o agronegócio e a economia como um todo tenham sustentabilidade. A infraestrutura influi diretamente nos custos operacionais e determina a renda e a competitividade de cada região no mercado das commodities. É preciso seguir buscando as melhores alternativas para que se avance concretamente, com efeitos práticos no bolso do produtor rural, na geração de empregos, no fortalecimento dos arranjos produtivos.

O próprio mercado demonstrou, no último trimestre, a importância da infraestrutura. Num momento de preços elevados no mercado internacional, mesmo com quebra na colheita, o estado exportou o dobro do volume de soja em grão, na comparação com o primeiro trimestre de 2011. Foi necessário usar toda a estrutura de transporte disponível para garantir o escoamento em ritmo acelerado. Se a safra fosse normal, as filas de caminhões possivelmente seriam maiores. Para aproveitar os bons momentos das commodities no mercado internacional, é preciso folga na frota caminhões, nos equipamentos que carregam os navios. O que mais importa é que o estado conseguiu assegurar, num ano de quebra, renda razoável para boa parte da produção. A sustentabilidade e o desenvolvimento econômico dependem dessas estratégias, que, por sua vez, exigem investimentos.

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