A caminho do segundo turno de uma das eleições mais emocionantes da história, tanto na disputa presidencial como no caso da corrida ao Palácio Iguaçu, o eleitor acompanha uma dança frenética em busca de alianças.
As conveniências políticas pessoais e regionais orquestram acordos para o pleito do dia 29. Eles se transformaram em fator aparentemente decisivo, já que os debates têm se restringido a ataques pessoais, praticamente inexistindo propostas e a discussão de programas de governo.
Com dez governos estaduais ainda à espera de um vencedor nas urnas e a certeza de que a reta final será um verdadeiro corpo-a-corpo pelos votos, os dois candidatos à Presidência têm demonstrado que estão dispostos a conversar com todo mundo, fenômeno se é que se pode assim classificar essa garimpagem eleitoral que se reproduz no plano regional, especialmente no caso de Roberto Requião e Osmar Dias.
No pano de fundo, muitas contradições ideológicas. Políticos de uma mesma agremiação embarcam em canoas de candidaturas que ontem eram adversárias e, por fim, inimigos de anteontem arregaçam as mangas para pedir votos juntos. Uma ciranda político-partidária característica do modelo eleitoral brasileiro.
Não deveria ser assim, mas é o que produziu esse estranho caldo de cultura.
Há, no entanto, coisas boas a destacar, como a presença feminina no cenário político, que, se ainda é pouco expressiva em termos numéricos, se faz presente com qualidade, compensando o pequeno contingente politicamente visível.
Paralelamente à cata de votos que se desenrola, é preciso insistir que o momento é igualmente de reflexão e análise da série de dados e das variáveis oferecidas pelas urnas no dia 1.º de outubro. Nesse campo, uma contribuição se sobressai: a informação ampla e descomprometida com os candidatos e siglas partidárias que tem sido a marca da Gazeta do Povo no acompanhamento dos fatos. Cumprindo o papel que sempre lhe coube historicamente, oferece a melhor cobertura das eleições 2006. Em todos os sentidos, seja na interpretação do que ocorre, na posição opinativa, seja no serviço de utilidade pública e no registro de dados oficiais, indispensáveis para uma análise aprofundada da atual conjuntura. Entre essas contribuições está o Guia do Eleitor, que em seu segundo número, que circulou domingo, trouxe a lista com os candidatos mais votados em todos os 399 municípios paranaenses para Presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual. Constata-se ali, mais uma vez, a tremenda diversidade de pensamento do eleitorado, formando um mosaico não raras vezes intrigante. E esse trabalho da Gazeta vai continuar, com a mesma seriedade, imparcialidade e clareza de princípios. É a nossa parcela de ajuda ao processo democrático e seu aperfeiçoamento. A contrapartida deve vir dos candidatos.