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Editorial 1

Apertando o cinto

Formular uma nova revolução industrial calcada em fontes de energia renovável, de modo a aumentar a eficiência do consumo, assegurar o fornecimento energético e reduzir as emissões de poluentes. A proposta é da Comissão Européia (CE), órgão executivo da União Européia (UE). Pelo projeto, apresentado no início do mês, a nova economia pós-industrial reduziria o uso de energias fósseis com o compromisso de que as fontes de energia renovável passariam a ser responsáveis por 20% do abastecimento em 2020. O uso dos biocombustíveis, por sua vez, passaria a representar em naquele ano pelo menos 10% do consumo de petróleo e derivados utilizados na área de transporte. Pela primeira vez, a CE fixou metas obrigatórias, já que o que foi fixado para 2005 não logrou êxito.

O presidente da Comissão, José Manuel Durão Barroso, defende a Europa "liderando o mundo" rumo a uma "revolução pós-industrial, por meio do desenvolvimento de uma economia com menos uso de carbono". Os dias de energia segura e barata na Europa se acabaram, sentenciou. De fato: o preço do petróleo apresentou uma multiplicação por seis ao longo dos últimos sete anos. As medidas para a revolução pós-industrial serão submetidas à Cúpula de chefes de Estado e de Governo da União Européia, em março.

Até lá, a A União Européia prepara um amplo pacote de políticas para incrementar o mercado de etanol nos 27 países do bloco. A criação de um mercado de álcool na Europa terá um impacto direto na produção brasileira, certeza corroborada por uma série de estudos a respeito de que o mundo irá – ou pretende - se locomover nas próximas décadas.

A França, inclusive, iniciou a instalação de postos de gasolina que passarão a oferecerão álcool em todo o país. Alemanha, Polônia e Suécia já contam com esse tipo de combustível. Os técnicos observam, no entanto, que o etanol será competitivo na Europa apenas quando o barril do petróleo ultrapassar 90 euros. Com um valor de 60 euros por barril de petróleo, o etanol ainda não obteve o sucesso esperado.

Quando o mercado estiver em plena expansão, a Europa fatalmente terá de importar o produto, principalmente do Brasil. Ao mesmo tempo, para o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a produção de álcool como biocombustível não é apenas uma alternativa que diminuirá a dependência do petróleo, mas mudará a vida rural da América Latina. Para o BID, o álcool é claramente uma alternativa real ao petróleo, cabendo para os governos da região o desafio de bancar o investimento na tecnologia.

E o presidente norte-americano, George W. Bush, no tradicional discurso sobre o estado da União, pediu aos cidadãos um corte de 20% no consumo de gasolina até 2017. Acredita que a meta seja atingida, primordialmente, por meio de uma elevação drástica no uso de etanol e outros combustíveis alternativos.

Em números globais, o Brasil é o maior produtor mundial de álcool e maior exportador do produto, com 34% da produção. Os EUA aparecem como o segundo maior produtor mundial de álcool, com 30%. É preciso tirar todo o proveito disso, e estar preparado para o que se desenha no horizonte em termos de matriz energética.

Há três décadas, a idéia de produzir biocombustíveis parecia algo despropositado, como, agora, também, pode soar a sugestão de uma segunda revolução industrial.

Antecipar o futuro é tarefa inadiável.

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