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O caso da Assoma, entidade de assistência a meninos e meninas de rua sob risco de fechar as portas em Curitiba, chama atenção para problemas recorrentes. Situações como a atravessada pela entidade fundada sob inspiração de líderes cívicos, típicas da atual fase de transição, têm se repetido no Paraná. Por isso cabe um estudo aprofundado do assunto por parte das autoridades, universidade e de quantos se interessam pelo bem-estar coletivo: entes associativos, de benemerência, esportivos e sociais passaram a ocupar uma faixa própria na sociedade contemporânea – o terceiro setor – que, se não tem o perfil de um ente estatal, tampouco funciona na órbita privada visando a lucros.

Em termos amplos tais empreendimentos não econômicos compõem a nova dimensão da esfera pública proposta pelo filósofo alemão Juergen Habermas. Compondo-se com os projetos de responsabilidade social desenvolvidos no âmbito de corporações, elas complementam a ação do Estado, com núcleos de atenção básica a pessoas e grupos em situação de risco, com necessidades especiais e assim por diante.

Entre nós contam-se dezenas de instituições bem-sucedidas dessa natureza, por contarem com liderança dedicada e habilidosa na saúde infantil, atenção a doentes crônicos, assistência social e inúmeros outros campos. Mas registros de insucesso também vêm à tona, com o fechamento ou precarização de hospitais filantrópicos e entidades beneficentes em todas as regiões do Paraná. No caso da Assoma, concordamos com o engenheiro Antônio Borges dos Reis, um dos colaboradores da Pastoral da Criança: "O resgate das crianças de nossas ruas é um desafio que todos temos de enfrentar com responsabilidade, mediante união dos governos federal, estadual e municipal e da sociedade".

Em linhas gerais, o problema da Assoma gira em torno da sobrevivência de entidades filantrópicas de natureza comunitária. Por insuficiência de recursos, de gestão ou similares, elas funcionam precariamente, acumulando déficits seguidos até que – se não forem oportunamente resgatadas – entram em colapso. Salvam-se aquelas vinculadas ao poder público, a denominações religiosas por contarem com dotação orçamentária estrita ou a fontes seguras de captação de recursos.

Felizmente o quadro vem mudando, sob a evolução das artes gerenciais. Há instituições que se destacam – inclusive no Paraná – por contarem com a colaboração de líderes voluntários dotados de visão de negócios, capazes de imprimir-lhes um curso hábil para evitar tropeços. Esse processo é assente nos países desenvolvidos, onde a maturidade do terceiro setor já oferece amplas ferramentas de gestão adaptadas das práticas comerciais comuns. Sua divulgação para os países emergentes vem sendo apoiada por organizações reputadas como a consultoria McKinsey e a fundação Ashoka, que se uniram para oferecer programas de gestão para os dirigentes de entidades e que, também passaram a contar com premiações visando a incentivar e difundir suas práticas positivas.

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