O drama humanitário vivido pela população síria parece estar longe de terminar. Após a saída das tropas americanas da fronteira da Síria com a Turquia – anunciada de maneira abrupta por Donald Trump – que teve início em outubro deste ano, Rússia e o ditador sírio Bashar al-Assad não estão medindo esforços (talvez seja melhor dizer “as consequências”), para acabar com as zonas rebeldes do país.
Segundo fontes locais, uma ofensiva militar esmagadora do governo da Síria e de seus aliados russos no norte da Síria matou dezenas de civis e deslocou mais de 100 mil pessoas em menos de dez dias.
O ataque na província de Idlib, região do noroeste da Síria, é parte de uma ação do governo sírio para recuperar o controle de estradas estratégicas e a última grande área controlada pelos rebeldes do país.
A ação militar localizada e os ataques aéreos da Rússia provocaram um êxodo de pessoas em pânico que as organizações de ajuda alertam que poderia levar a uma das piores catástrofes humanitárias da guerra civil da Síria, que já dura oito anos.
A grande quantidade de pessoas desabrigadas coloca em risco a população durante esse período do ano, em que as noites são muito frias.
Essa ação foi criticada pelo presidente Donald Trump que em seu Twitter oficial escreveu: “Russia, Síria e Iraque estão matando, ou a caminho de matar, milhares de civis inocentes na província de Idlib. Não façam isso! A Turquia está trabalhando duro para impedir essa carnificina.”
Mas a forma funesta da Rússia conduzir a guerra na Síria não se resume apenas a bombardeios.
Na sexta-feira passada, a Rússia e a China vetaram uma Resolução do Conselho de Segurança da ONU que renovaria parcialmente a autorização internacional para rotas transfronteiriças que permitem que alimentos, água e remédios sejam transportados às partes da Síria que estão fora do controle do governo sírio. As rotas, da Turquia, Iraque e Jordânia, receberam aprovação da ONU nos últimos seis anos.
O governo russo acredita que negar comida às pessoas que ainda resistem ao regime de Assad é uma maneira eficaz de ajudá-lo. Contudo quem acaba por sofrer as piores consequências são os civis que sentem a falta de alimentos e de medicamentos. Fontes médicas locais afirmam que não será possível o atendimento adequado da população devido ao aumento do número de feridos em decorrência direta ou indireta da guerra.
Os EUA estão tentando reverter a situação e encontrar uma rota alternativa para envio das remessas de ajuda pelas fronteiras, cuja autorização expira em 10 de janeiro. Contudo é de se perguntar se as escolhas erráticas de Donald Trump para a região não contribuíram para que a preponderância russa crescesse na Síria. Talvez se os EUA alinhassem sua política com a de outros países desenvolvidos, o sofrimento desse povo poderia ser evitado. Oxalá, com o fim da guerra