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Editorial

As boas notícias do emprego

(Foto: Marcelo Andrade/Arquivo/Gazeta do Povo)

Dezembro é, tradicionalmente, um mês ruim para a geração de empregos, pois, passada a demanda do fim de ano, muitos dos trabalhadores contratados nos meses anteriores ficam sem trabalho. Em 2019 não foi diferente, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia: foram 307 mil vagas fechadas no mês. Assim, o acumulado do ano, que até novembro estava em quase 1 milhão de novos postos de trabalho, terminou mais modesto, com saldo positivo de 644 mil vagas.

Mesmo assim, são números que apontam para uma recuperação do emprego com carteira assinada. Trata-se do melhor ano, em termos de contratações, desde 2013, quando o saldo foi de 1,12 milhão de novas vagas. Mesmo as demissões do mês passado não foram tão numerosas quanto em anos anteriores – este dezembro foi o “menos pior” desde 2005, quando foram fechadas 286,7 mil postos de trabalho. Agora, são 39 milhões de brasileiros formalmente empregados.

Estes resultados só foram possíveis porque, lentamente, as reformas macro e microeconômicas estão trazendo de volta a confiança no país

Esta recuperação, também segundo os dados do Caged, não está restrita a alguns setores. Todos eles tiveram saldo positivo em 2019, com destaque para os serviços (382,5 mil novas vagas), o comércio (145,5 mil) e construção civil (71,1 mil). Mesmo a indústria, que segue cambaleando de forma preocupante, contratou mais que demitiu: foram 18,3 mil novas vagas, em comparação com as 2,6 mil de 2018. E a retomada atingiu todas as regiões do país – embora a Região Sudeste seja, previsivelmente, a líder em número de vagas, em termos proporcionais o destaque é o Centro-Oeste, que aumentou em 2,3% o número de trabalhadores com carteira assinada, contra a média nacional de 1,68%.

Estes resultados só foram possíveis porque, lentamente, as reformas macro e microeconômicas estão trazendo de volta a confiança no país. A reforma da Previdência, um marco para impedir que o Brasil caia no abismo fiscal, está aprovada; a reforma tributária está caminhando e a administrativa deve ser enviada ao Congresso em fevereiro. A Lei de Liberdade Econômica e outras medidas de desburocratização estão facilitando a vida do empreendedor, especialmente do microempresário. E o país está mais receptivo ao capital estrangeiro, com a entrada de US$ 75 bilhões em 2019 – 25% mais que em 2018 –, fazendo do Brasil o quarto maior destino de investimento direto estrangeiro (IDE), atrás apenas de Estados Unidos, China e Cingapura. O aumento ocorreu a despeito do fato de o fluxo total de IDE em todo o mundo ter se mantido estável no ano passado, em comparação com 2018, segundo os dados da Agência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (Unctad).

O emprego é a última variável a se recuperar quando um país sai de uma crise – ainda que, no Brasil, essa recuperação esteja demorando mais que o desejável. Não se pode atribuir esta demora, no entanto, a uma alegada inação do governo atual e do anterior, que estariam desprezando dos mais de 10 milhões de desempregados, herança maldita da crise lulopetista. As reformas iniciadas sob Michel Temer e intensificadas sob Bolsonaro tentam colocar nos eixos a situação fiscal brasileira e deixam o país menos fechado ao capital internacional, tendo como consequência a atração de investimento interno e externo, condição essencial para a geração de emprego e renda.

Isso não exclui, evidentemente, ações voltadas diretamente à geração de empregos, como o Programa Verde e Amarelo. Esta iniciativa, no entanto, é voltada a um grupo específico de brasileiros e cobre vagas com salários mais baixos. O país também precisa de mais qualificação para sua força de trabalho e empregos com remunerações mais altas. Um alento poderá vir da reforma tributária, caso haja uma desoneração ampla da folha de pagamento, desde que ela não seja compensada com novos tributos que pesem mais sobre os pobres. Se houver as condições para que o investimento continue chegando e o Brasil cresça mais que 2% em 2020, o ano poderá terminar rompendo a importante marca do 1 milhão de novos empregos formais.

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