O desafio principal do Brasil na economia, neste momento, é o imediato aumento da produção. Com o Produto Interno Bruto (PIB) caminhando para ser 3,5% menor que o do ano passado e com o número de desempregados passando dos 11 milhões, nenhuma outra meta é mais importante do que aumentar a produção em todos os setores já no segundo semestre. Há consenso entre os partidos políticos e no meio empresarial de que a primeira providência será melhorar a confiança dos investidores nacionais e estrangeiros na economia e na estabilidade política.
A melhoria da confiança é necessária não apenas para induzir os investidores a tocar novos projetos e montar novas empresas, mas também para induzir as atuais empresas a aumentar o nível de atividade, especialmente naqueles setores em que há fábricas paradas e equipamentos ociosos. Quando o país depende de novos investimentos para expandir a produção, o aumento da atividade é mais demorado, pois o tempo entre o início dos investimentos e sua entrada em operação é relativamente grande. O caso do Brasil é diferente. Na crise atual, o país dispõe de estrutura produtiva ociosa, sobretudo no setor industrial, a qual pode ser acionada rapidamente para elevar a produção e, por consequência, melhorar o nível de emprego.
Aumentar a produção é o remédio mais eficaz para o desemprego e para o déficit nas contas do governo
Além da recuperação da confiança, também é necessário que o governo dê sinais de que vai enfrentar a grave deterioração de suas contas e impedir a explosão da dívida pública. Nesse campo, o principal drama está em saber como o governo fará a sociedade acreditar que irá enfrentar com rigor o elevado déficit fiscal primário (receitas tributárias menos os gastos antes de pagar os juros da dívida). O déficit primário está em torno de R$ 120 bilhões/ano, equivalendo a 2% do PIB, cujo financiamento tem sido feito com mais impostos e mais dívida estatal. Aqui também a recuperação da produção ajuda, pois melhora a arrecadação tributária sem aumento de impostos.
Na situação atual, o setor público necessita superávit primário para o pagamento de parte dos juros vincendos, como meio de impedir que a dívida pública saia do controle e jogue o país em nova crise mais adiante. Vale lembrar que a taxa básica de juros de 14,25%, a Selic, incidente sobre os títulos do governo é elevada, porém, é amenizada pela inflação, fazendo a taxa real de juros ser bem menor. No ano passado, a inflação medida pelo IPCA foi de 10,67%, a qual, após descontada da taxa Selic, fez a taxa real de juros fechar 2015 em 3,58%, impedindo que a relação dívida/PIB explodisse de forma incontrolável.
Neste ano, a taxa de juros continua, por enquanto, em 14,25% e a inflação caminha para fechar em 7%, o que fará a taxa real de juros subir para 7,25%, caso a Selic não seja reduzida. O controle dos gastos do governo e a administração da dívida pública são fatores essenciais para a recuperação da confiança, a qual não virá apenas com discursos e calmaria política após o desfecho do impeachment. O governo tem que dizer claramente como vai encarar esses problemas e conseguir que os agentes econômicos acreditem na capacidade dos governantes em implementar o plano anunciado.
Aumentar a produção é o remédio mais eficaz para o desemprego e para o déficit nas contas do governo. Como o setor público não consegue reduzir gastos, o aumento da arrecadação necessário deve ser buscado na retomada do crescimento econômico e não em mais aumento de impostos, como o governo vem fazendo sistematicamente.
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