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Em dois meses o Brasil alcançará a auto-suficiência na produção de petróleo, passando a produzir mais óleo mineral do que utiliza. Embora essa meta possa não se refletir no preço pago pelo consumidor, devido à correlação do produto local com as cotações do mercado internacional, a conquista é importante em termos econômicos e de geopolítica, colocando o país a salvo de turbulências externas associadas à dependência desse recurso mineral. Outra vantagem brasileira é a diversificação da matriz energética: além do petróleo temos o álcool e agora o biocombustível, poupadores daquela matéria-prima estratégica.

De fato, com seu consumo e preços ascendentes o petróleo se conservou como o insumo econômico mais importante do mundo na transição para o século 21: seu preço aumentou de forma continuada ao longo destes primeiros anos do novo século em função do desenvolvimento em países emergentes da Ásia e da dificuldade de áreas industrializadas – EUA, Europa Ocidental e Japão – em substituírem o óleo mineral por fontes alternativas. Com essa escalada o barril do produto cru saltou da média de 40 para 60 dólares e analistas já projetam um patamar de 70 dólares ainda neste ano.

Até o fim de março, com a entrada em operação de duas novas plataformas oceânicas, o Brasil vai elevar sua produção em 240 mil barris diários, podendo atingir a projetada auto-suficiência ainda no primeiro trimestre. Nessa ocasião o país estará produzindo 1,9 milhão de barris/dia, para uma demanda equivalente. Esse montante é possível, porque no fim do ano o consumo estava em 1,8 milhão de barris e a produção, em 1,7 milhão. É que a produção tem sido crescente enquanto o consumo se mantém tímido em função da economia desaquecida: entre 2000 e 2004 a produção de petróleo e gás avançou 17,5% e o consumo dos principais derivados caiu 3,4%.

Outro fator benéfico foi o desenvolvimento do mercado de álcool combustível, reduzindo a pressão sobre o óleo mineral. Também a chegada do gás natural, embora ainda tímida em relação à economia nacional, representa mais uma alternativa; tendência reforçada pelo programa de biocombustíveis. De toda forma, o setor de petróleo e gás ampliou sua participação no Produto Interno Bruto de 2,75% para 9,05% entre 1997 e 2004.

Nessa corrida o Paraná também esá presente, com os campos produtivos localizados no mar territorial entre os estados de São Paulo e Santa Catarina. Mas um "imbróglio" geográfico pode reduzir os benefícios para o estado em termos de direitos exploratórios e o caso pende de decisão do Supremo Tribunal Federal. De toda forma, embora especialistas acreditem no declínio da exploração a partir de 2015 se não forem encontradas novas tecnologias para recuperar e ampliar reservas, o país já goza das vantagens da auto-suficiência a caminho, sofrendo menos turbulências com flutuações de preços e contratos de suprimento.

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