Prevaleceu o bom senso e o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Valdir Rossoni, cancelou o pagamento dos 14.º e 15.º salários aos deputados estaduais. Na contramão dos trabalhadores normais, que fazem jus apenas ao 13.º, os parlamentares embolsavam outros dois a título de "convocação e desconvocação". A "bondade", ao custo de R$ 20 mil, concedida no começo e no fim de cada ano legislativo, custava aos cofres públicos anualmente a bagatela de R$ 2,1 milhões. Surpreendente também no caso é a constatação de que o benefício vinha engordando o bolso dos deputados há pelo menos 16 anos e apenas foi tornado público na terça-feira com a reportagem da Gazeta do Povo. A má prática do Legislativo paranaense se espelhava em privilégio semelhante do Congresso Nacional, que paga os vencimentos extras tanto aos deputados federais como aos senadores. Lamentavelmente, situações desse tipo atestam com clareza a necessidade de profundas mudanças não só nas assembleias legislativas, mas na vida pública brasileira de uma maneira geral, eivada de práticas viciadas.
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