Segundo alguns analistas especializados, a recessão bateu no fundo do poço, o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano fechará 3,1% menor que o do ano passado, o desemprego atingirá perto de 12 milhões de brasileiros e a recuperação começa em 2017. Conforme o mais recente boletim Focus, do Banco Central, o PIB do próximo ano crescerá 1,3%, o suficiente para superar a recessão, mas longe de voltar ao tamanho do PIB de 2013. Os aspectos mais importantes dessa recuperação são a redução do desemprego, o aumento da arrecadação tributária do governo e a possibilidade de estancar a disparada da dívida pública.
O único caminho para impedir que a economia brasileira se deteriore e caminhe para situação parecida com o que ocorreu com a Grécia – país que entrou em bancarrota: a dívida pública explodiu, o governo parou de pagar suas contas e o mundo se recusou a continuar emprestando ao setor público – é o retorno do crescimento do PIB. Porém, esse caminho positivo depende, entre outras, de duas providências essenciais: o rápido aumento dos investimentos privados nacionais e estrangeiros em atividades produtivas e rigoroso controle das contas públicas.
O governo precisa andar rápido com algumas reformas e com o marco regulatório dos negócios
Em relação aos investimentos privados, o governo vem tomando algumas iniciativas, como as medidas para atrair capitais em projetos de infraestrutura. Isso, porém, ainda é pouco. A volta dos investidores depende da melhoria na estabilidade política e confiança no ambiente institucional favorável ao empreendedorismo privado. Para tanto, o governo precisa andar rápido com algumas reformas e com o marco regulatório dos negócios. O governo Temer tem sido rápido nos discursos a favor dos investimentos, mas não tão rápido na aprovação dos instrumentos legais necessários.
Quanto ao controle das contas públicas e o crescimento da dívida pública, as perspectivas são menos promissoras. O setor público brasileiro em seu conjunto tem demonstrado completo descaso com a crise e com a necessidade de parar de gastar e aumentar despesas permanentes. Exemplo desse descaso são os aumentos constantes de salários do funcionalismo, como se a sociedade, mesmo em crise e com alto desemprego, fosse obrigada a pagar reajustes salariais para uma classe de trabalhadores que está imune ao mais perverso efeito das crises: o desemprego. Há categorias de funcionários mal remunerados e que merecem melhorias salariais, como os professores e os policiais, mas o que se tem visto é um festival de reajustes nos três poderes para categorias de servidores de remuneração elevada.
Além da dificuldade de controlar os gastos, enfrentar os elevados déficits e impedir a explosão da dívida pública, o governo enfrenta a necessidade de elevar os investimentos na infraestrutura física, que é basicamente estatal, sem os quais as demais condicionantes do crescimento não serão suficientes para recuperar a economia em poucos anos. O desafio do Brasil não é apenas sair da recessão e recuperar os empregos perdidos, mas crescer a taxas acima do crescimento da população, a fim de aumentar a renda por habitante nas próximas duas décadas, sem o que o país não superará a pobreza crônica.
Tudo indica que, no plano econômico, 2017 será um ano de retomada e o clima para os negócios será mais favorável. Entretanto, o Brasil tem o desafio de crescer rápido para recuperar a década perdida de 2011-2020, período em que a renda per capita ficará estagnada e o padrão médio da vida da população não mudará.
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