O primeiro bimestre de 2021 foi melhor para o emprego formal que o mesmo período do ano passado, quando a pandemia de Covid-19 ainda não havia chegado para devastar os negócios. Os dados do Novo Caged referentes a fevereiro deste ano mostraram saldo positivo de 401,6 mil vagas, na comparação entre contratações e demissões. Somado ao número de janeiro, 2021 está com 659,8 mil novas vagas, contra 277,5 mil nos primeiros dois meses de 2020.
Houve aumento em todos os cinco grandes grupos de atividade econômica, com destaque para os serviços (173,5 mil novas vagas) e pela indústria (93,6 mil), e em todas as cinco regiões do país – em apenas três das 27 unidades da Federação houve mais demissões que contratações. Em fevereiro, o país rompeu o patamar de 40 milhões de vínculos empregatícios formais, 2 milhões a mais que no pior momento da pandemia para o mercado de trabalho, em julho de 2020.
A vacinação em massa é apenas a porta de saída para o constante abre-e-fecha causado pela Covid-19; ela impede mais quebradeira e demissões, mas não gera postos de trabalho por si só
No entanto, apesar dos avanços no mercado formal, a chaga do desemprego segue afligindo o Brasil sem sinais de trégua. No dia seguinte ao da divulgação do Caged, o IBGE informou que a taxa de desemprego no trimestre de novembro de 2020 a janeiro de 2021 tinha sido de 14,2% – uma redução muito leve, de 0,1 ponto porcentual, na comparação com o trimestre móvel anterior (outubro a dezembro de 2020), e um aumento de três pontos porcentuais em relação ao período de novembro de 2019 a fevereiro de 2020. São 14,3 milhões de pessoas à procura de emprego no Brasil, um número que insiste em não diminuir.
E este não é o único dado preocupante. Os desalentados – aqueles que chegaram ao ponto de nem mais buscar um emprego – chegaram a 5,9 milhões, 25% a mais que no mesmo período do ano anterior. Somando os desempregados, os desalentados e os subempregados, chega-se a uma taxa de subutilização de 29%, quase seis pontos porcentuais a mais que 12 meses atrás; isso corresponde a 32,4 milhões de brasileiros, ou 6 milhões a mais que no período de novembro de 2019 a janeiro de 2020.
Neste momento de intensificação da pandemia, com estados e municípios restringindo o funcionamento das empresas, a prioridade é a preservação dos empregos atuais; o governo prometeu, mas ainda não formalizou a nova edição do programa que permite a redução de emprego e jornada, ou a suspensão do contrato de trabalho. E não se sabe ainda em que grau a nova rodada do auxílio emergencial, com parcelas menores e pago a menos pessoas, afetará o consumo, a demanda e, consequentemente, a atividade econômica e o mercado de trabalho.
Mesmo assim, é preciso começar a pensar desde já em como integrar tamanho contingente ao mercado de trabalho, do contrário o país estará desperdiçando o potencial de dezenas de milhões de pessoas. A vacinação em massa é apenas a porta de saída para o constante abre-e-fecha causado pela Covid-19; ela impede mais quebradeira e demissões, mas não gera postos de trabalho por si só. O desemprego (e suas variantes, como o subemprego) está entre as maiores mazelas econômico-sociais que podem atingir uma sociedade; reduzi-lo, com incentivos às contratações e outras medidas que revitalizem o mercado de trabalho, tem de ser a próxima batalha a ser travada por todo o Brasil assim que a pandemia for vencida.
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