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As campanhas eleitorais estão chegando ao fim, as eleições ocorrerão no próximo fim de semana e, mais uma vez, o debate eleitoral contribuiu muito pouco para a compreensão dos problemas econômicos e sociais, e contribuiu menos ainda para a formulação de soluções inteligentes às questões mais urgentes. Infelizmente, a essência das campanhas da maioria dos candidatos tem sido a tentativa de conquistar o eleitor prometendo dar coisas e fazer caridade com dinheiro público. As promessas vão desde doa­­ção de leite, criação de bolsa-alguma-coisa, con­­sultas médicas gratuitas, distribuição de medicamentos, chegando até creche pública para idosos. A se concluir pela propaganda eleitoral parece que quanto mais caridoso o candidato se apresentar mais chances de ser eleito ele terá, sobretudo os candidatos para os cargos legislativos.

Os reais problemas econômicos ligados às estratégias de como fazer o Estado aumentar a produção e a produtividade são tocados de leve, quase desinteressadamente, o que é lamentável, pois é sabido que, sem aumentar a renda média por habitante, as possibilidades de melhorar o padrão de bem-estar da população serão muito reduzidas. A questão essencial para o progesso material, para a melhoria social e para a eliminação da pobreza da população paranaense é o aumento da renda per capta. A distribuição de mercadorias, como leite, medicamentos e comida, ajuda a mitigar a dor e o sofrimento no curto prazo, mas é incapaz de promover o crescimento econômico e o desenvolvimento social. Se a tônica da política continuar sendo essa, daqui a 30 anos os programas eleitorais vão seguir falando em doar coisas e distribuir "esmolas" aos pobres e famintos, sem conseguir erradicar as causas que levam as pessoas e as famílias a não conseguirem sustentar a si mesmas.

A pergunta mais importante deve ser: o que fazer para que, lá na frente, o governo não precise mais se dedicar à doação de comida e produtos básicos? Ou seja, o que fazer para que a economia cresça, as pessoas se desenvolvam e as famílias possam sustentar a si próprias, sem dependência da caridade de governantes e deputados? No caso do estado do Paraná, essa questão é especialmen­­te relevante, pois ainda que a população local não venha crescendo, os indicadores de desenvolvimento social são ruins e não há caridade capaz de solucionar as carências no longo prazo. No decorrer de toda esta campanha eleitoral, praticamente não se falou de estratégias possíveis pa­­ra o desenvolvimento da economia paranaense capazes de elevar a renda média de forma consistente e sustentável.

Todos sabem que a produção resulta dos recursos da natureza, do trabalho e do capital. En­­tre­­tanto, a produtividade e o enriquecimento social dependem fundamentalmente do aumento da produtividade do trabalho e do capital, nesse último incluindo a infraestrutura física (transporte, energia, portos, aeroportos, armazéns, escolas, hospitais etc). O aumento da produtividade significa produzir mais com os mesmos recursos, e isso exige que o estoque de capital seja aumentado e composto de melhores máquinas, equipamentos e aparelhos, e que o rendimento do trabalho cresça como decorrência de melhor educação e melhoria da qualificação profissional dos trabalhadores.

Os investimentos públicos, sobretudo na infraestrutura e nos equipamentos sociais, e os investimentos privados, principalmente em máquinas, equipamentos e novas unidades produtivas, é que indicarão as possibilidades de crescimento da produção e de melhoria social. Quanto ao trabalho, o mais urgente é a qualificação profissional, o treinamento técnico e o aumento da educação formal de todas as faixas da população. Porém é preciso pressa. No mundo globalizado, em que a tecnologia muda a passos rápidos, a lentidão na melhoria da produtividade do capital e do trabalho acaba dificultando o desenvolvimento e retardando a erradicação da miséria e da pobreza.

É inaceitável que entrando no primeiro ano da segunda década do século 21 ainda existam pessoas analfabetas, semianalfabetas e analfabetas funcionais (aqueles que leem e escrevem, mas são incapazes de entender um texto elementar), vivendo em estado de pobreza e péssimas condições sociais. Tanto o país como as unidades da federação precisam investir com urgência em políticas eficazes, pois, do contrário, os candidatos do futuro continuarão buscando conquistar votos à base de propostas para distribuir comida, remédios e outros "presentes" à população.

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