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Editorial

Campanha, o que interessa

A sociedade não se impressionou com os montantes de despesas para a campanha presidencial, nem com a expansão patrimonial dos candidatos das coligações principais. De forma diferente à leitura de certos analistas, o que os 126 milhões de eleitores brasileiros querem saber é como os candidatos vão promover o desenvolvimento, com planos concretos e realistas para superar a estagnação em que a economia mergulhou nos últimos anos, tornando melhor a vida das pessoas.

Informar que as campanhas de Lula e Alckmin vão gastar até 85 milhões de reais é aceitável, primeiro, por se tratar de previsão estimada do quanto pode ser dispendido no convencimento de um dos maiores eleitorados do planeta; segundo, porque representa um esforço para legalizar a prática anterior de "despesas não contabilizadas". Nesse sentido uma autoridade da Justiça Eleitoral assinalou que o risco seria declarar uma estimativa baixa e depois ultrapassá-la – expondo o candidato às penas da lei, mais severa após os escândalos do "caixa dois".

De forma idêntica não houve repercussão maior sobre a declaração de bens dos candidatos, com o presidente Lula exibindo um patrimônio atualizado superior a um milhão de reais (R$ 1.070.000,00, segundo cálculos de corretores imobiliários). Dirigentes oposicionistas se negaram a explorar essa elevação patrimonial, fruto ao seu ver de diligência na gestão dos rendimentos auferidos por parte do casal presidencial. O fato a registrar é que, com a declaração, Lula perde justificativa para se apresentar como candidato pobre; na realidade assim como Alckmin ele pertence à classe média superior, por ter renda mensal maior do que 5 salários mínimos.

Não foi só o presidente Lula que melhorou de situação: mais seis milhões de famílias deixaram o patamar da pobreza no período entre 2002 e 2006, representando 8% da população. Porém o avanço é modesto, mesmo para os que se beneficiaram dos programas sociais incrementados pelo atual governo: a preocupação é com sua continuidade. De fato, na China a taxa de melhoria foi de 16% de uma população gigantesca, puxada pela vigorosa expansão dos últimos anos. Na Índia todo o esforço dos novos líderes modernizadores foi para vencer a cortina da pobreza, com resultados igualmente fantásticos.

Por não ter apresentado um projeto sustentável de desenvolvimento o governo Lula perdeu referência na classe média, castigada por fatores negativos (tributação e escassez de empregos, crises de segurança, etc), como mostraram as eleições municipais de 2002 e o referendo sobre proibição das armas. Recentemente porém, os gestores do Planalto deram mostras de preocupação com esse segmento, com medidas como a correção da tabela do imposto de renda e, agora, dispondo-se a rever leis polêmicas como a das domésticas e o estatuto da igualdade racial. Afinal, pobre também gosta de riqueza, pois – como proclamava o carnavalesco Joãozinho Trinta - quem gosta de miséria é intelectual.

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