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Embora o calendário estabeleça o início da campanha eleitoral entre março e junho, só depois da realização de convenções partidárias, as principais forças políticas já se movimentam para disputar o pleito deste ano. Assim, o presidente Lula aproveita oportunidades de inspeção ou inauguração de obras para impulsionar sua candidatura à reeleição, o PSDB intensifica propostas para a economia enquanto seleciona seu candidato num processo interno e o PMDB tenta sair com um puxador de chapa – mais interessado na sucessão dos estados e em repetir as bancadas que mantém no Congresso.

A luta pela preferência do eleitorado tenderá a ganhar ritmo com a definição sobre a regra de verticalização adotada em 2002 por interpretação da Justiça Eleitoral. Segundo essa norma, os partidos políticos, por terem perfil nacional, devem repetir nos estados a mesma chapa ou coalizão acordada no nível federal. Assim, se o PSB se coligar com o PT para a Presidência da República terá que seguir essa aliança em todos os estados – ou então disputar seus votos isoladamente.

A derrubada desse dispositivo interessa principalmente a legendas como o PMDB, que desde a Constituição de 1988 funciona na prática como uma federação de grupamentos estaduais, repetindo o modelo de pluripartidarismo que vigorou na fase democrática entre 1946 e 1964. A realidade é que, mantida a verticalização, partidos médios e pequenos tenderão a lançar candidatos presidenciais próprios, só para ter presença no cenário eleitoral; derrubada a restrição, as coligações possíveis no plano nacional se limitarão a duas chapas fortes e alguns nomes alternativos, apenas para constar.

A dianteira de fato assumida pelo presidente Lula em busca da recondução, tomou caráter explícito, envolvendo até citações em mensagem publicitária de que "ainda há muito que fazer"; o que levantou críticas da Oposição e reservas de um ministro do Supremo quanto à legalidade desse comportamento. Em paralelo, analistas políticos entendem que o presidente recuperou a dianteira nas pesquisas de opinião porque os líderes oposicionistas baixaram a guarda ao descuidarem do funcionamento do Congresso na convocação extraordinária de dezembro.

Mas o ex-presidente Fernando Henrique, um dos cardeais do PSDB, entende que o eleitorado só começará a prestar atenção em nomes quando chegar a fase da propaganda no rádio e tevê. FHC recomenda ainda a seus parceiros uma campanha propositiva, que aborde temas de importância para o país como a melhoria da educação, em vez de ser feita "olhando para o passado ou denegrindo os adversários".

De toda forma, enquanto o presidente da República gira pelo país, anunciando obras, os tucanos trabalham para revigorar a antiga aliança com os pefelistas e propõem debate sobre melhoria da gestão pública com baixa dos juros e aumento dos investimentos, interessados em voltar ao Palácio do Planalto no bojo dos votos de outubro.

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