Com a prisão e denúncia de uma quadrilha de assaltantes composta inclusive por policiais civis, responsável pela morte de um policial militar, as autoridades completaram na última semana o desmantelamento de 12 bandos criminosos que agiam na região metropolitana de Curitiba. Mesmo assim a mistura letal de droga mais roubo causou a perda de mais um pai de família – um motorista de ônibus da linha Curitiba–Fazenda Rio Grande, assassinado pela quantia de R$ 28 reais – gerando três dias de tumultos naquela cidade da área sul de Curitiba.

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Os manifestantes chegaram a fechar a rodovia que corta o município rumo ao Rio Grande do Sul, em protesto contra a precariedade do policiamento local. Eles se queixavam que o endurecimento da vigilância na capital, onde duplas de PMs passaram a fazer patrulhamento a pé no centro e bairros mais importantes, levou a bandidagem a se deslocar para o entorno de Curitiba, agravando a insegurança nessas zonas de povoamento recente.

A realidade é que locais habitados recentemente não formam um tecido social enraizado em relações de vizinhança e parentesco sólidas, tendendo a piorar o padrão de segurança. Assim, as regiões que receberam maior número de imigrantes internos apresentam os piores indicadores no "mapa do crime" construído para orientar o planejamento policial.

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Ainda, como reconheceu o governador do Espírito Santo na esteira das ações do crime organizado nos estados da Região Suleste (incluindo ainda, Minas, Rio e São Paulo), só há pouco tempo as lideranças políticas passaram a cuidar seriamente do assunto. Formadas na oposição ao regime autoritário, tais autoridades novas tinham um discurso que associava polícia à repressão política, endossando teorias de sociologia duvidosa – segundo as quais a desigualdade é o fator desencadeador da violência.

O próprio governo federal deixou o Plano Nacional de Segurança inoperante na maior parte do primeiro mandato. Só após explosões de violência terem agitado grandes metrópoles é que Brasília entendeu ser a questão também de sua responsabilidade. A nova diretriz já começa a dar frutos, com os gabinetes integrados entre órgãos federais e os governos estaduais; o apoio da Polícia Federal às corregedorias policiais para a limpeza das corporações – como acaba de ocorrer no Paraná – e assim por diante.

Porém é preciso mais: no mesmo município de Fazenda Rio Grande uma cidadã se queixou de que o homicídio de um filho, ocorrido há dois anos, não avançou na investigação da autoria e punição do assassino. Todos os aspectos da criminalidade precisam ser combatidos, mas o fundamental é concentrar as forças do estado no combate ao crime contra a vida – desde a prevenção até a repressão eficaz. Afinal, como lamentou uma parente das três vítimas mortas por queimadura em Bragança Paulista, "as pessoas precisam ter medo da lei".