O Fórum Econômico Mundial publica regularmente o Ranking Global da Competitividade, que é a capacidade que os países têm de competir nos mercados mundiais. Infelizmente, mais uma notícia negativa atinge o Brasil: a queda de seis posições no ranking, ficando agora em 81.º lugar entre 138 países – a pior classificação nos últimos dez anos. É uma situação muito séria, pois o Brasil perdeu 33 posições no ranking nos últimos cinco anos, com grave redução da capacidade de conquistar e manter mercados internacionais. Assim, fica claro que a grave crise econômica interna não pode ser debitada exclusivamente à crise internacional, como insistia a ex-presidente Dilma Rousseff e seu partido.
O indicador da competividade é comparativo, e o fato de o Brasil ter despencado 33 posições mostra que a maior parte dos problemas nacionais foi fabricada aqui dentro e é de responsabilidade do governo e da sociedade brasileira. O raciocínio é simples: os países que deixaram o Brasil para trás também foram atingidos pela crise internacional, e nem por isso caíram no ranking tanto quanto o Brasil. Se tivessem caído em igual proporção, todos estariam na mesma posição no ranking da competitividade nos últimos cinco anos. Comparado com as dez maiores economias da América Latina, o Brasil ficou na triste nona colocação, que tem Chile e Panamá nas duas primeiras posições.
O Brasil perdeu 33 posições no ranking nos últimos cinco anos
O leque de problemas que explicam a derrocada brasileira é extenso. Recessão, baixo grau de inovação tecnológica, deterioração da infraestrutura, diminuição da produtividade, péssimo sistema tributário, marco regulatório dos investimentos confuso e inconcluso, corrupção, instabilidade política, ausência de reformas, ineficiência do setor público, desequilíbrio das contas fiscais, elevado desemprego e baixa qualificação da mão de obra estão entre os fatores determinantes do atraso e do retrocesso.
Para um país que tem a pretensão de recuperar sua economia e elevar a renda por habitante e o padrão de vida médio nas próximas duas décadas, a notícia da redução na capacidade de competir no mercado internacional é péssima. Para seguir exportando, o Brasil poderia se ver obrigado a reduzir os salários médios e desvalorizar a moeda nacional, gostem ou não os empresários, os sindicatos e o governo. A economia não é a ciência das vontades, mas dos fatos concretos e, por mais que seja lamentável, a inserção do país na economia internacional será feita à custa de sacrifício interno. Não se trata de questão de vontade política, como dizem por aí, mas de reflexo da realidade do atraso relativo da economia brasileira no conjunto dos 138 países que participaram do ranking.
Alguns dirão que o Brasil deve voltar-se para o mercado interno e fugir da globalização, como estratégia de desenvolvimento nacional. Ocorre que a inserção do país no mercado global não é uma mera escolha. É, antes de tudo, um requisito do progresso material e do desenvolvimento social, pois os países somente conseguem importar os bens, serviços e tecnologias de que necessitam com moeda estrangeira obtida por meio de suas exportações. A recuperação econômica do Brasil e o retorno de taxas positivas de crescimento do Produto Interno Bruto dependem do aumento das importações de máquinas, equipamentos, tecnologias e bens de consumo (como trigo e medicamentos, só para citar dois casos importantíssimos).
É urgente enfrentar as causas do atraso e do retrocesso no grau de competitividade do Brasil, ainda que para tanto sejam necessárias medidas impopulares.
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