O projeto de mudanças no Código Florestal aprovado pela comissão da Câmara (criada no ano passado para discutir o tema) desagradou tanto a ruralistas quanto a ambientalistas. Estes não ficaram felizes com a anistia de multa para produtores que desmataram até julho de 2008; com a redução das matas que protegem os rios e com a isenção de pequenas propriedades de até quatro módulos fiscais de recuperarem a reserva legal, mesmo tendo de manter a mata que ainda resta. Já os ruralistas não ficaram contentes, porque queriam a transferência de poder aos estados para criarem normas sobre o tamanho das áreas de preservação ao longo dos rios. As queixas de parte a parte evidenciam que a proposta aprovada exige concessões de ambos os lados. Na impossibilidade de atender a 100% das reivindicações dos dois lados, a composição parece ser o caminho possível quando se sabe que estão em jogo dois valores muito importantes para o país: a preservação ambiental, sem a qual não há futuro para o Brasil nem tampouco para o planeta; e a produção de alimentos, sem a qual esse futuro também fica ameaçado. A proposta contempla os dois valores. Se não chegou ao modelo ideal, ao menos tem a virtude de não desprezar nem uma nem outra causa. O desenvolvimento sustentável, como o próprio nome revela, tem de abraçar tanto o conceito de avanço econômico quanto o de preservação.
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