As denúncias que trazem à tona novas ilicitudes praticadas no Senado representam um risco sério para a confiança da sociedade na instituição e acabam por revelar os conceitos políticos que vão pela cabeça dos nossos dirigentes.
Tratemos primeiro da crise de confiança. O presidente do Senado, José Sarney, dedicou-se ao máximo, na semana que passou, a conter a justa ira da opinião pública com os abusos cometidos na Casa notadamente, por ser o escândalo mais recente, com os atos secretos para a criação de cargos, nomeações e reajustes salariais. Atos que, de acordo com o chefe de serviço de publicação do boletim de pessoal do Senado, Franklin Albuquerque Paes Landim, eram mantidos em sigilo por ordem direta do ex-diretor-geral Agaciel Maia e do ex-diretor de Recursos Humanos João Carlos Zogby.
Pois bem. Sarney, apontado como um dos tantos senadores beneficiados pelos atos secretos, deixou de lado a característica serenidade que manteve mesmo diante das maiores reviravoltas da cena política nacional. A saraivada de acusações tirou o senador do sério e ele só recobrou certa dose de calma quando anunciou, na sexta-feira, que abriria uma sindicância para apurar as recentes denúncias. Deixemos de lado as dúvidas quanto à eficiência da prometida investigação e a punição dos culpados para destacar que Sarney, em sua defensiva, afirmou que a crise não era dele, mas do Senado. Grande engano. A instituição não pode ser desacreditada pelas falhas de seus ocupantes temporários.
A descoberta das práticas ilícitas não é, em si mesma, negativa. Pelo contrário. É preciso, afinal, que se localize o tumor antes de extirpá-lo. O perigo está na desesperança que tais revelações causam, pois, conduzida pela fala hábil e ardilosa de certos políticos, a sociedade tende a pensar que a solução seria acabar com o Legislativo. Não é esse o caminho, pois o parlamento é pilar essencial da democracia que os brasileiros conquistaram a muito custo. A instituição, ao contrário do que afirmou o senador Sarney, não está abalada. Abalados estão os princípios dos parlamentares cujas atuações destoam completamente da grandeza da instituição. Que contrariam as normas da boa administração pública. Que parecem ignorar que é o bem comum o fim último da atividade pública.
Lembremos, agora, que as surpresas relativas ao episódio extrapolaram os limites do Senado. Em visita ao Casaquistão, o presidente Lula saiu em defesa de Sarney e fez a queixa recorrente contra o "denuncismo da imprensa". O presidente da República declarou ficar preocupado com o processo de denúncias porque "ele não tem fim e depois não acontece nada". Até aqui, nada a discordar. Lula demonstrou lucidez ao ressaltar que as denúncias não têm fim. Faltou-lhe apenas reconhecer que as denúncias não acabam porque os abusos também são infindáveis. E, se nada acontece, como afirmou, o mais lógico seria que expressasse preocupação com a impunidade e não com as denúncias.
Surpreendente na defesa que Lula fez de Sarney, e que foi ratificada no fim da semana pelo secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, foi a evocação da vida passada como razão para que o presidente do Senado não seja tratado como "uma pessoa comum". Sim, Sarney, hoje senador, já foi deputado federal, governador e presidente da República. Isso faz dele alguém que está acima do princípio de igualdade consagrado em nossa Constituição?
Antes, durante e depois
O setor hoteleiro de Curitiba tem um desafio pela frente: o de estar preparado para receber o grande número de turistas, prestadores de serviços, jornalistas, atletas e dirigentes de futebol que aqui estarão na Copa de 2014. Além se expandir e de melhorar a qualidade das instalações e serviços, como já tem feito com investimentos de porte, a rede hoteleira terá de fazer um planejamento estratégico para a etapa que começa assim que os jogos terminarem. Como manter boas taxas de ocupação depois de um evento de tão grandes proporções? Não há resposta para tudo, mas está se formando um consenso: Curitiba precisará manter-se entre as estrelas do turismo brasileiro, antes, durante e depois da Copa. Para isso, é essencial a aposta na alta qualidade não apenas da rede hoteleira, mas também dos produtos e serviços a ela ligados. Eis aí o verdadeiro desafio.