Pouco antes do Natal, em um evento cujo conteúdo foi ofuscado pelo novo visual da ministra-candidata Dilma Rousseff, o governo federal lançou o 3.º Programa Nacional de Direitos Humanos. Uma leitura do texto revela, de maneira inequívoca, o compromisso do Poder Executivo com a legalização do aborto no Brasil. A sétima ação programática relativa à garantia dos direitos das mulheres diz: "Apoiar a aprovação do projeto de lei que descriminaliza o aborto, considerando a autonomia das mulheres para decidir sobre seus corpos". Além da falácia contida no texto – a de que a questão do aborto diz respeito apenas à mulher, sem considerar o ser humano que, desde a concepção, já existe no útero materno –, o governo reafirma sua intenção de empurrar à população uma prática rejeitada pela ampla maioria dos brasileiros, de acordo com recentes pesquisas de opinião. Vale lembrar que, recentemente, o Partido dos Trabalhadores puniu dois de seus parlamentares por sua posição pública em defesa da vida, atitude que não tomou em relação a seus integrantes envolvidos em escândalos de corrupção, demonstrando um evidente descompasso entre a plataforma ideológica do partido e a população que diz representar.

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