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Editorial

Corrida eleitoral

Apesar das pesquisas divulgadas até este momento, só agora começa a corrida para as eleições do ano, com a indicação do governador Geraldo Alckmin como candidato pelo PSDB. Caberá a ele reverter a predominância eleitoral do presidente Lula nesses seis meses e meio que faltam para o primeiro turno, em outubro. A expectativa de que a campanha transcorra dentro da normalidade ganhou respaldo do próprio Lula, ao declarar que "eleição não significa uma guerra e sim uma disputa democrática".

Para os estrategistas do bloco oposicionista, Lula aparece bem nas sondagens por que até agora correu sozinho na disputa. Definida a escolha do candidato tucano, a tendência à polarização pode favorecer o desafiante, à medida que o pleito ganhar natureza plebiscitária. Nesse sentido, o recente referendo sobre as armas apontava vitória dos defensores da proibição, mas, abertas as urnas, tanto eles quanto o governo – que patrocinava a medida – foram batidos por ampla maioria.

A pesquisa do Ibope em especial apresenta um ponto indefinido: embora a maioria dos consultados admita votar no atual presidente da República, maioria ainda maior (54%) quer mudança na política econômica. Essa marca de insatisfação é secundada por outra resposta indicando como prioridade a geração de empregos – o que, obviamente, só se consegue com melhoria do nível de atividade.

Nesse aspecto, pode se repetir o cenário da eleição norte-americana de 1992, quando o presidente George Bush foi derrotado por Bill Clinton. Bush (pai) estava com o prestígio em alta – acabara de sair vitorioso da Guerra do Golfo –, mas o principal estrategista de Clinton recomendou ao desafiante sulista focar na economia para tirar a reeleição do presidente. Da mesma forma, o governador Alckmin saiu desde logo atirando no mais vistoso sucesso do governo atual: "Não é possível um país ter uma carga tributária de mais de 38% e não ter dinheiro para tapar buraco em estradas".

O pré-candidato tucano acrescenta ver "o tripé econômico do governo Lula errado", asseverando que o correto é "fechar as torneiras" do gasto público para se obter crescimento sem inflação. Ao contrário do governo FHC e de Lula, que se apóiam na escola de economistas ligados à PUC-Rio, Alckmin tem no professor Yosihaki Nakano, ex-secretário da Fazenda em São Paulo, um formulador econômico obcecado pela boa gestão administrativa e que saneou as finanças do governo paulista sob Mário Covas.

De seu lado, Lula tem vantagens: além de disputar a recondução no cargo, é carismático, segundo a imprensa estrangeira. Não precisando se afastar para concorrer, o governante pode usar o poder tão valorizado no ambiente latino-americano, participando de atos oficiais, recompondo sua base de apoio e assim por diante. Para se firmar, Alckmin terá que construir uma sólida rede de alianças, além de compor uma agenda de exposição na mídia, sobretudo no vácuo que medeia entre a saída do governo com o lançamento da pré-candidatura e o início da campanha eleitoral no rádio e tevê.

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