Retornou a turbulência nas relações entre Israel e os árabes da Palestina, com a incursão armada israelense na Faixa de Gaza, em resposta à invasão da fronteira por um grupo radical, que seqüestrou um soldado judeu. Os bombardeios e a prisão de ministros e parlamentares desestabilizam a liderança palestina, já enfraquecida com a atuação do grupo clandestino, mas a forte retaliação do governo de Israel também aponta para a busca de afirmação pelo novo primeiro-ministro, Ehud Olmert. Preocupado com o alastramento da tensão, que alcança outros países árabes e causa problemas humanitários, o secretário-geral da ONU apelou por moderação. A mesma posição foi expressa pela União Européia, pelo G-8 (grupo de países ricos mais a Rússia) e Estados Unidos que embora apoiando medidas de defesa, aconselham o governo de Tel Aviv a confiar mais na diplomacia e menos nas armas.
A nova crise explode em momento inoportuno, quando as principais facções palestinas, Hamas e Fatah, estavam evoluindo no rumo de acordo para criação de um Estado árabe no território. Essa formação de uma nação árabe vizinha ao Estado de Israel segundo analistas internacionais implicaria o reconhecimento indireto do direito à existência do Estado judeu; superando um impasse que perdura desde a vitória do grupo Hamas nas eleições internas da Palestina. Agora, com a volta da tensão, distancia-se mais uma vez a esperança de paz.
Em outro ponto do Oriente, contudo, o cenário apresentou evolução positiva: no Iraque, apesar de continuarem os atentados, os grupos de resistência aceitaram o plano de pacificação proposto pelo novo governo. Compostos por muçulmanos sunitas apeados do poder após a queda de Saddam Hussein, eles concordaram com a proposta do primeiro-ministro, Al Maliki: será convocada uma assembléia de chefes tribais para homologar pontos da nova Constituição, de forma a obter convivência mínima para estabilizar o país.
A normalização iraquiana facilitaria aos Estados Unidos liberar recursos para lidar com situações que se tornaram críticas em áreas próximas, notadamente Afeganistão e agora, Somália. No Afeganistão, o ressurgimento da milícia fundamentalista Taleban forçou o lançamento de ofensivas da coalizão ocidental na região sul vizinha ao Paquistão e motivou visita da chefe da diplomacia norte-americana para animar os aliados, entre eles o presidente interino do país que chegou a criticar perdas de civis inocentes no fogo cruzado das batalhas.
Na Somália, empobrecido país do Nordeste da África, uma guerrilha sustentada por tribos do interior se apoderou da capital e ameaça impor a lei islâmica, num desafio adicional aos governos aliados do Ocidente. Outro foco de instabilidade continua a ser Timor Leste, outro pequeno Estado falante de língua portuguesa encravado entre o arquipélago indonésio e a Oceania. Ali a lenta construção de uma coesão nacional entrou em colapso, numa crise agravada pela inexperiência dos líderes chamados ao poder depois da independência.
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