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Editorial 1

Da esperança ao pessimismo

A eleição de Barack Obama para a Presidência dos EUA representava para a maioria dos norte-americanos o início de uma fase de esperança. Sob o governo de George W. Bush, o país estava afundado em uma de suas maiores crises. Se não bastassem o medo e a desconfiança que tomaram conta da nação após os atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001, a economia havia entrado em colapso com a derrocada financeira de 2008.

Obama, então um político novato, simbolizava a chance de virar a página da história. E o democrata soube captar o sentimento dos eleitores. "Yes, we can" [Sim, nós podemos] era o principal slogan da campanha eleitoral do ex-senador por Illinois. Palavras como hope e change [esperança e mudança] embalavam os comícios e a propaganda na televisão.

No discurso da vitória em Chicago, no dia 4 de novembro de 2008, Obama disse a uma plateia atenta e esperançosa que os EUA estavam entrando em um período de superação dos oito anos de fracasso da era Bush. "Demorou um tempo para chegar, mas nesta noite, pelo que fizemos nesta data, nestas eleições, neste momento decisivo, a mudança chegou aos EUA", declarou o então presidente eleito.

Os motivos para tanto otimismo entre norte-americanos e grande parte dos países do mundo eram muitos. Obama, além de jovem, com formação nas melhores universidades do país, retratava o sonho da igualdade de direitos, o fim das guerras e um mundo mais justo, com oportunidades para todos.

Próximo de completar três anos de mandato, contudo, o "presidente da esperança" enfrenta um dos momentos mais difíceis desse período. Pouco do que prometeu foi cumprido. Assim como ocorreu no governo Bush, o déficit público dos EUA continua a crescer, a economia está em frangalhos e as guerras estão longe de terminar. Hoje, os norte-americanos devem 100% do seu Produto Interno Bruto (PIB), porcentual recorde.

Os números do próprio governo mostram que a maior potência do planeta enfrentava dificuldades inimagináveis anos atrás. De acordo com o Census Bureau, o escritório de estatísticas norte-americano, o porcentual de pessoas vivendo abaixo do nível de pobreza no país passou de 14,3% em 2009 para 15,1% em 2010.

A geração de empregos, uma das principais promessas de campanha, não decolou. A taxa de pessoas sem postos de trabalho nos EUA chegou a 9,1% em setembro, contra 7,2% de quando Obama assumiu a Presidência.

Além das dificuldades decorrentes da "herança Bush" – altos gastos com as guerras do Afeganistão e do Iraque, desregulamentação na economia, descontrole do sistema financeiro e falta de confiança dos investidores – Obama enfrenta ainda a ferrenha oposição dos conservadores, liderados pelo movimento Tea Party, grupo de republicanos que tem influenciado as decisões na Câmara, onde o governo é minoria.

O clima no governo hoje é de derrota. Nem mesmo a morte do líder da rede terrorista Al-Qaeda, Bin Laden, em maio passado, foi suficiente para segurar a popularidade do presidente.

A desaprovação do líder democrata atingiu 53% em setembro, segundo pesquisa encomendada pelo jornal Washington Post. Obama enfrenta ainda a descrença dos norte-americanos. Uma sondagem realizada pela rede ABC e divulgada na semana passada revela que apenas 37% dos eleitores acreditam na reeleição.

Outro levantamento divulgado na última quarta-feira, da Universidade de Quinnipiac, mostra que se a eleição presidencial fosse hoje o vencedor seria o republicano Mitt Romney, governador de Massachusetts. De acordo com a sondagem, Romney teria 46% dos votos e presidente ficaria com 42%.

Ainda restam 12 meses até a eleição. Tempo suficiente para fazer com que a situação mude de rumo. Mas sem gerar empregos, fazer a economia retomar seu crescimento e reconquistar a confiança e a esperança da população, Obama corre sério risco de ser um presidente de mandato único.

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