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É possível até recorrer a uma espécie de paródia da música: toda a eleição eles fazem quase tudo sempre igual. Entre as já clássicas promessas dos candidatos, notadamente aos cargos de governador e presidente, está a de ampliar e assegurar de modo efetivo a segurança pública. Sempre foi assim, mas, nos últimos tempos, com o avanço da criminalidade, a segurança do cidadão, que aparecia como segundo ou terceiro item – perdendo para emprego e saúde –, passou a ser o primeiro nos bosquejos de programas de administração. Nas eleições deste ano, fatalmente, a questão da segurança será altamente prioritária. Pelo menos nos discursos dos candidatos.

Como se tem facilmente constatado, passada a cerimônia de posse, a maioria dos eleitos revela uma incrível capacidade de ignorar os compromissos assumidos, como se, por um passe de mágica, no caso a consagração nas urnas, tudo o mais se tornasse irrelevante, como se ocorresse uma amnésia coletiva por parte do eleitorado.

E o caso paranaense é tragicamente exemplar. O pouco que existia em termos de segurança pública, como os módulos policiais, foi riscado do mapa ou condenado à morte por inanição. Surgiu, entre outros "avanços", o projeto Povo (Policiamento Ostensivo Volante), classificado pelo governador Roberto Requião como "um policiamento eficiente", além da garantia de que os moradores poderiam ajudar a Polícia Militar a definir ações para melhorar a segurança de seus bairros. Com o projeto Povo, os policiais militares atuariam com computadores portáteis, possibilitando um contato direto e rápido com a base de dados da PM, além de telefones celulares e novas viaturas. O Povo continua nas ruas, mas, na realidade, as condições de trabalho dos policiais ainda deixam muito a desejar. E o atendimento de ocorrências seria rápido, o que se tornou praticamente impossível até pelo crescimento da capital.

Já o Policiamento Comunitário, que seria implantado em todos os municípios, do mesmo modo foi atropelado por uma série de problemas operacionais mais a ausência do Estado.

De conflitos de grandes proporções a casos de menor vulto que já se incorporaram ao ameaçado cotidiano das pessoas, mas nem por isso menos preocupantes, nos deparamos com um quadro mais do que preocupante. O avanço visível e cada vez mais desafiador do crime organizado, com o tráfico de drogas, por exemplo, atuando cada vez mais acintosamente.

E a rebelião ocorrida na Penitenciária Central do Estado, na quinta-feira da semana passada, mostrou igualmente descaso, incúria, despreparo no trato, também, de questões relacionadas ao funcionamento do sistema carcerário. O ideal, nas penitenciárias, é manter um profissional para cada grupo de cinco presos, mas a média no Paraná é de um para 6,8 presidiários. Não bastasse isso, quando do motim na PCE havia apenas um agente penitenciário para cada grupo de 112 detentos. Isso porque, por ordens superiores, o efetivo de 40 PMs que reforçava a guarda foi retirado da penitenciária, fragilizando a segurança e abrindo caminho para o confronto de grupos de presos rivais.

Como a autoridade responsável leva a pior até em áreas sob estrito controle, é de se imaginar o que se sucederia se, por um fator completamente inusitado, os 166 mil mandados de prisão que estão pendentes no estado viessem a ser cumpridos.

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