Não é possível que o debate político discuta a sério o estatismo como via para o desenvolvimento; essa agenda ficou fora de questão desde o fim do século passado nos países que deram certo. Basta observar o mapa-múndi: as nações que se livraram do fetiche da estatização cresceram, enquanto as demais se debatem na instabilidade. No Brasil, que busca a modernidade, há temas mais presentes, a começar pelo sucesso da inserção social dos grupos menos favorecidos, como vem ocorrendo no Nordeste.

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Tais segmentos situados na base da pirâmide social foram apoiados por políticas afirmativas, como o Bolsa-Família, o microcrédito, os investimentos em infra-estrutura e turismo entre outros, mas sem retomada da estatização anacrônica dos anos 50.

Ganhando capacidade de consumo, essas famílias estão prontas para o passo seguinte – a conquista da autonomia, tornando-se produtivas. Liberar energias da sociedade é a fórmula que sustenta o crescimento e não o discurso da volta ao passado que permeia algumas campanhas eleitorais.

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A globalização, acelerando o tempo histórico, força decisões de parte dos emergentes que, de fato, querem emergir, como, acreditamos, ocorre no Brasil. Em visita ao país e ao observar nosso debate limitado, o brazilianista Thomas Skidmore insistiu que "o Brasil ainda não acordou para o que está acontecendo no mundo, e o tempo está se esgotando. É preciso uma revolução na mentalidade geral, mas o país continua negligenciando áreas essenciais – educação, saúde –, o que leva a um déficit em desenvolvimento humano".

Na mesma linha outro estudioso do Brasil, Vinod Thomas – após destacar como pontos fortes a homogeneidade cultural, a sociedade civil e a imprensa aberta – alerta para a necessidade de reformas gerais que nos levem de volta ao crescimento, acompanhando os emergentes do Grupo Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) que crescem à média de 8% ao ano ante nossos 2%.

Thomas, que serviu no Brasil por quatro anos, antes se tornar vice-presidente do Banco Mundial, sugere que, além da disputa inerente ao processo democrático, os brasileiros se unam num consenso nacional para eleger formas duradouras de inclusão social – educação básica e técnica, saúde de qualidade etc – porque a janela de oportunidades para o crescimento está se fechando.

O aceno à estatização não pode ser mais que um apelo eleitoral passageiro, pois não será ampliando o peso do Estado sobre a sociedade que iremos resgatar o crescimento. Pelo contrário, países vizinhos mostram, mais uma vez, que nacionalização de empresas, congelamento de preços etc é a melhor receita para a instabilidade.

O Brasil – que se beneficiou ao repassar estatais pesadas na telefonia, transportes, siderurgia, bancos estaduais, para empreendedores privados mais eficientes – pode ter hoje a Vale do Rio Doce, com sua base de capital pulverizado entre milhares de acionistas e que disputa a compra de uma firma canadense, como o segundo maior grupo de mineração do mundo.

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