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Editorial 1

Democracia incompleta

O país volta às urnas novamente hoje para definir seu novo presidente: mais de 110 milhões de eleitores darão mais uma gigante demonstração da vitalidade da nossa democracia, concluindo o processo de escolha dos quadros políticos iniciado no primeiro turno, com a eleição de governadores, senadores e deputados federais e estaduais. Graças ao exemplar e mundialmente invejável sistema de eletrônico de votação e apuração, já no fim deste domingo, poucas horas após o encerramento do pleito, estará completo o espetáculo cívico da opção que os brasileiros fizeram em relação ao seu futuro.

O dia de hoje representa mais um passo importante para consolidar nossa maturidade política, que vimos perseguindo com sucesso desde que – parece-nos que definitiva e irreversivelmente – conseguimos sepultar no passado os inúmeros episódios de retrocesso institucional que marcaram a história republicana desde a sua proclamação. Nesse sentido, pois, o Brasil afirma-se hoje, mais uma vez, como uma nação a ser respeitada pelo mundo – autora que é de um dos mais belos, sólidos, seguros e pacíficos processos de restauração da ordem política democrática de que se tem notícia.

Estamos longe ainda, no entanto, de completar o ciclo da democratização. Ele não se esgota no direito do povo de eleger diretamente e com liberdade os seus representantes políticos, mas se expande para outros campos. Realmente democrático é o país que consegue oferecer ao seu povo, de maneira universal e indistinta, todos os direitos que caracterizam a cidadania plena. A começar pelo acesso igualitário àquilo que confere dignidade à vida, como justiça, respeito aos direitos humanos, educação, segurança, saúde.

Interlaça-se nesses valores a exigência de promoção rápida do desenvolvimento econômico, sem o qual é impossível garantir o desenvolvimento social. Dele dependem trabalho e emprego para a maioria, renda compatível para a satisfação das necessidades básicas das famílias. Desenvolvimento econômico implica investir em infraestrutura – estradas, portos, aeroportos, energia – assim como em criar condições para a saudável participação nesse esforço do empreendedorismo privado.

Vê-se, pois, a enormidade dos desafios que se colocam nos ombros nos novos governantes. Seja Dilma Rousseff, seja José Serra o(a) Presidente a ser eleito hoje, assim como a todos os governadores e parlamentares que receberão seus mandatos no início do próximo ano, cabe-lhes respeitar a vontade popular que, em última análise, depositou neles a esperança de uma vida melhor. Deles se espera, no exercício do poder que lhes foi conferido, o mais absoluto respeito aos valores éticos – seiva vital que de fato dá legitimidade e dignidade ao múnus de que serão investidos.

É sob essas tais perspectivas – do respeito à ética e aos valores humanos, do compromisso com o desenvolvimento social e econômico – que o eleitor deve se dirigir às urnas hoje, consciente de que é também sua a responsabilidade escolher, dentre os que disputam seu voto, os mais comprometidos com o respeito à causa pública em todos os sentidos.

De quem for escolhido hoje, exige-se o respeito e o compromisso com a tarefa de construir o ambiente de higidez moral e de contribuir para a construção de uma sociedade mais justa.

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