No noticiário da semana que se foi, dois episódios sem muita conexão aparente merecem reflexão por carregarem distorcidas noções do que é o serviço público. Em Brasília, o deputado Sérgio Moraes (PTB-RS) disse estar se "lixando para a opinião pública" quando questionado sobre a reação da sociedade diante de sua intenção de absolver, antes de qualquer investigação pelo Conselho de Ética da Câmara Federal, o deputado Edmar Moreira, acusado de quebra de decoro e de gasto irregular da verba indenizatória. Moraes expressou em palavras o desdém que boa parte dos parlamentares nutre pelo cidadão comum algo que os constantes abusos com o dinheiro público podem atestar. Semelhante desprezo, também calcado pela segurança do corporativismo, foi demonstrado pelo médico que, multado pela Vigilância Sanitária de Londrina por passar receitas ilegíveis, justificou que o paciente do SUS não sabe ler e por isso não merece letra legível. O desdém só sairá de cena quando o espaço público deixar de ser visto como terra de ninguém e passar a merecer a vigilância constante de cada um dos seus "proprietários".
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Uma inelegibilidade bastante desproporcional
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