Acaba de sair um alentado estudo elaborado por técnicos do Banco Mundial com uma notícia boa e outra ruim para o Brasil. A boa é que a desigualdade entre ricos e pobres está caindo de maneira consistente desde 1993 ano em que o país começou a vencer a inflação galopante e a mergulhar na era da estabilidade.
Este foi, segundo o trabalho, o fator mais preponderante para explicar o avanço social ocorrido em 13 anos, mais até que os programas de transferência de renda colocados em prática desde o governo de Fernando Henrique Cardoso. De lá para cá, o índice de brasileiros pobres caiu de 32,6% para 22,2%.
A notícia ruim do mesmo estudo é que a velocidade do processo de redução da diferença é ainda muito tímida em comparação com os resultados obtidos por outros países. E, de fato, são muitos os exemplos de que nações que eram tão ou mais pobres que o nosso país vêm conseguindo superar a desigualdade com muito maior êxito e rapidez. São os casos, por exemplo, da Índia e da Coréia do Sul.
As lições que se podem extrair do trabalho do Banco Mundial são inúmeras. É claro que não se deve desconhecer a importância da relativa responsabilidade com que os sucessivos governos de Fernando Henrique e Lula procuraram conduzir a economia. Ao debelarem a inflação, eliminaram a maior causa de concentração da riqueza nas mãos de poucos, ao mesmo tempo em que criaram os fundamentos mínimos para que o país voltasse a produzir mas a tarefa não ficou completa.
O mesmo fizeram as demais nações que se deram bem na redução da desigualdade. Sanearam as finanças públicas, estabilizaram a moeda e aproveitaram com eficiência as oportunidades nascidas a partir do processo de abertura mundial dos mercados. Suas estruturas de produção foram modernizadas e os empregos se multiplicaram, tirando milhões da marginalidade e melhorando a renda geral.
Basicamente, o Brasil fez o mesmo. Então, por que os outros tiveram mais sucesso que nós? A explicação é insinuada pelo mesmo estudo e é traduzida pela palavra educação. "O determinante mais importante dizem seus autores da desigualdade total é o nível educacional do chefe de família". Eles estimam que a educação é responsável pela grande diferença na distribuição de renda no Brasil e é três vezes mais importante do que qualquer outro fator para reduzi-la, incluindo a estabilidade econômica.
É exatamente neste ponto que o Brasil se distancia da Coréia e da Índia. Um e outro investiram pesadamente na qualificação de sua população nos últimos 50 anos e agora colhem os frutos deste esforço, ao passo que o Brasil se descuidou quase por completo do setor. Nosso país só não está amargando situação pior na desigualdade porque, embora não tenha oferecido melhor qualidade na educação básica, pelo menos conseguiu tornar mais universal o acesso a ele.
Sem dúvida, a educação é o grande desafio para o Brasil inaugurar uma era de desenvolvimento sustentado, com justa distribuição de seus frutos. A desigualdade se reduz mediante ações que garantam a todos a oportunidade de ascender a melhores níveis de conhecimento. E isto se faz por meio de oferta de educação de qualidade para todos.
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