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A expectativa da população paranaense é diretamente proporcional à vontade do governo estadual de resolver os problemas da infraestrutura do estado

O governo estadual apresentou anteontem, em duas ocasiões diferentes, seus planos para destravar os nós da infraestrutura paranaense: em um evento da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB-PR) e em uma reunião com o Fórum Permanente de Desenvolvimento, que reúne diversas organizações da sociedade civil, como empresários, universidades e entidades de classe. Estão na lista, por exemplo, a modernização da Ferroeste, a criação de 13 corredores rodoviários e melhorias nos aeroportos. Várias dessas obras dependem de parcerias público-privadas (PPPs), como algumas duplicações de rodovias.

A necessidade de romper os gargalos logísticos do estado é evidente. E construiu-se no estado, nos últimos anos, um forte consenso em torno do diagnóstico a respeito de quais são esses gargalos – consenso que é, por si só, uma grande conquista e que teve e tem como protagonistas inúmeras entidades: o próprio Fórum Permanente, que congrega várias delas, e o atual governo, que se mostrou receptivo às demandas da sociedade desde o início do mandato. Uma certa insatisfação existia, no entanto (sobretudo entre as entidades do setor produtivo), no que se refere ao planejamento e à capacidade de execução do atual governo. Mesmo levando em consideração os inúmeros entraves burocráticos que praticamente paralisam mesmo os governantes mais bem dispostos, havia uma incerteza sobre o ritmo de planejamento e execução que se desejava.

Parte dessa insatisfação foi dissipada na terça-feira, em um encontro duplamente louvável: primeiro, porque, depois de oito anos de inatividade e desestruturação da capacidade de planejamento durante os mandatos de Roberto Requião, o governo estadual, que já reconhecia as urgências na área de infraestrutura, apresenta um plano mais estruturado, denotando uma possível retomada da implantação de uma cultura do planejamento. Talvez distante ainda do ideal, mas que já aponta o caminho para resolver os problemas. Segundo, por causa da disposição em chamar a sociedade civil organizada para não apenas expor esse plano como também demonstrar abertura a contribuições que possam melhorá-lo. Colocar as ideias no papel é um ótimo começo; é animador ver que as iniciativas vão se estruturando e que muitas delas já estão em condições de passar a novas fases, como a discussão técnica.

A expectativa da população paranaense, é preciso dizer, é diretamente proporcional à ambição do governo estadual de destravar os gargalos da infraestrutura do estado. Sabemos, no entanto, que nem tudo depende da vontade pura e simples do Palácio Iguaçu. Existem dificuldades de todo tipo, especialmente nas questões burocráticas; algumas delas até têm sua razão de ser, como exigências de ordem ambiental, mas frequentemente minúcias secundárias acabam se convertendo em verdadeiros entraves ao desenvolvimento. A centralização excessiva de decisões na esfera federal, como a que se pretende com a MP dos Portos (e que retiraria autonomia do Porto de Paranaguá, que depois de tanto tempo de abandono tem, finalmente, uma administração comprometida com sua modernização), também tira dinamismo dos projetos. E ainda é preciso levar em consideração que o montante de recursos para cobrir o custo total de todas as obras demandará empréstimos que muitas vezes dependem de aprovação em Brasília.

A atitude do governo, manifestada nos encontros de anteontem, de convidar a sociedade para expor seus planos, pode ter sido o início de uma nova fase. A iniciativa foi inovadora, elogiável e representa um marco histórico nas relações entre poder público e sociedade, criando um paradigma que, esperamos, possa perdurar.

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